O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, disse nesta sexta-feira, 27, que a inadimplência no rotativo do cartão de crédito para pessoas físicas teve expansão de 9 pontos porcentuais (pp) em 2022, chegando a 44,7% no fim do ano. Esta é a maior taxa da série histórica da autoridade monetária, iniciada em março de 2011.
No caso do cheque especial, a inadimplência atingiu 13,4%, um crescimento de 1,9 pp em 12 meses. Esta, também de acordo com Rocha, é a maior taxa desde setembro de 2020, quando estava em 15%. "De lá para cá, podemos dizer que houve redução e, em 2022, um crescimento", comparou.
De forma geral, conforme o técnico, a expansão do financiamento para as famílias, dentro do crédito livre em 2022, foi principalmente nas modalidades não rotativas, que têm taxas menores. "A inadimplência para Pessoa Física cresceu ao longo de 2022 fundamentalmente nas operações de crédito livre, nessas modalidades rotativas", observou.
Isso ocorre, segundo ele, porque, em geral, quando uma pessoa fica inadimplente em modalidades de crédito rotativo é porque já teve um ponto de partida negativa em outros tipos de crédito. A recomendação dada por Rocha é a de que clientes busquem, dentro do possível, sair do crédito rotativo por meio de negociações com o gerente e as instituições financeiras para modalidades de crédito com prazos maiores e taxas menores. O juro do rotativo do cartão de crédito estava em 409,3% ao ano em média ao final de dezembro, a maior desde 2017, quando atingiu 428% ao ano. "Não tem taxa razoável para isso", comentou.
O chefe do departamento apontou que a maior taxa de inadimplência do crédito livre como um todo foi de 5,9%, registrada em maio de 2017. "Agora (dezembro de 2022) estamos em 4,2% e não houve crescimento desde novembro. Não é nem de longe a maior da série", disse.