Cidades

Incêndio na Hatsuta deixa cerca de 100 pessoas desabrigadas

Ação rápida do Corpo de Bombeiros e brigadistas de empresa vizinha evitou uma tragédia ainda maior

Um incêndio atingiu ao menos 35 barracos no fim da tarde de ontem em uma parte da favela Hatsuta, na avenida Tancredo Neves, segundo informações de moradores. Entre 90 e 100 pessoas teriam ficado desabrigadas conforme o líder comunitário da favela, Gilvan Laércio da Silva. A Defesa Civil ainda fazia o levantamento de quantas pessoas e barracos foram afetados com as chamas até o fechamento desta edição, mas trabalhava com números bem menores: entre sete a dez barracos e aproximadamente 30 pessoas. Nenhuma vítima havia sido confirmada pelo Corpo de Bombeiros ou Defesa Civil

O incêndio começou em um barraco ao lado do muro da empresa Pfizer por volta das 16h30 e se alastrou rapidamente entre barracos e a área de reciclagem que existe na comunidade. A brigada de incêndio da empresa ajudou a combater as chamas juntamente com 16 viaturas do Corpo de Bombeiros que atenderam a ocorrência. Além disso, viaturas da Polícia Militar, Guarda Civil Municipal, Samu e Resgate dos Bombeiros ficaram no apoio.

A avenida Tancredo Neves foi totalmente interditada tanto para quem ia ao Centro, quanto para o motorista que se dirigia ao Cecap. O trânsito na rodovia Presidente Dutra ficou lento em ambos os sentidos devido a curiosidade dos motoristas em saber o que estaria acontecendo.

"Todos os 14 anos que moro aqui viraram cinzas"

Vinicius David Silva, de 17 anos perdeu tudo no incêndio, mas pode comemorar que saiu com vida do incêndio. Foi ao lado dele que as primeiras chamas que consumiram parte da favela do Hatsuta começou, no fim da tarde de ontem. Vinicius estava sozinho no barraco que morava com mais cinco pessoas e dormia quando o fogo começou.

"Tinha uma tomada com um ‘T nela onde três aparelhos estavam ligados. Aconteceu um curto circuito e o fogo começou. Eu acordei com fogo no colchão", contou. "Levantei e tirei o colchão da cama e levei para o banheiro pra apagar o fogo. Quando voltei, as madeiras já estavam pegando fogo", relembrou o jovem.

Vinicius disse também que tudo foi muito rápido e que não pode fazer mais nada. "Só deu tempo de eu sair e gritar que estava pegando fogo. O fogo subiu muito rápido e foi passando para os outros barracos", disse o rapaz que ficou apenas com uma bermuda preta no corpo. "Perdemos tudo. Não temos mais nada", desabafou.

A prima de Vinicius, Andréa Moreira da Silva, a dona do barraco, estava no hospital com um de seus filhos no momento do incêndio. Quando chegou na favela e olhou para o local, só pode ver o que sobrou do seu barraco. "Todos os 14 anos que moro aqui viraram cinzas. Não tenho mais nada", lamentou a dona de casa em lágrimas.

Desabrigados devem ficar no clube do Cecap

De gweb

 

A Defesa Civil ainda não havia confirmado o destino das famílias que perderam suas casas no incêndio da Hatsuta. No entanto, o presidente da associação dos moradores da favela, Gilvan Laércio da Silva, informou a reportagem que os desabrigados seriam conduzidos emergencialmente ao Clube do Cecap, onde ficariam até a Prefeitura decidir qual o destino das pessoas.

De acordo com Silva existe um contrato firmado com o Governo Municipal no ano passado, estabelece que cerca de 500 unidades habitacionais serão destinadas aos moradores da comunidade Hatsuta, por intermédio do programa da Caixa Econômica Federal, Minha Casa Minha Vida. No entanto, ainda não há data para a retirada das famílias.

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