Esportes

Incertezas em ciclo olímpico de Tóquio-2020 deixam atletas brasileiros no escuro

A passagem dos Jogos do Rio encerrou um ciclo de grandes eventos esportivos no Brasil. Agora o olhar repousa sobre os próximos quatro anos. A reflexão vem carregada pelo clima de incerteza e pelo temor diante da possível diminuição de investimentos no esporte para Tóquio-2020. “Não desista da gente, não vamos parar por aqui”, apelou Daniel Dias, recordista da natação paralímpica. E ele não é o único que pensa no futuro.

Marcus Vinicius DAlmeida, do tiro com arco, era apontado como esperança de medalha na Olimpíada. O pódio não veio no Rio, mas o jovem de 18 anos torce para que tenha oportunidade de continuar como aposta. “No momento, a gente não tem muita informação. É uma fase de decisões. Tomara que nada mude”, afirmou. A indefinição também é apontada por Aline Silva, da luta olímpica. “Não sei ainda se houve redução no investimento público, não teve qualquer anúncio”. Ambos eram contemplados pelo programa Bolsa Pódio, do governo, que varia de R$ 5 mil a R$ 15 mil/mês.

Para o próximo ano, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, garantiu que não haverá redução no programa. Admitiu, entretanto, que será feita uma reavaliação dos critérios em vigor. “Podemos ter modificação dos parâmetros para aperfeiçoar o programa, para que seja mais efetivo no objetivo de tornar o Brasil cada vez mais competitivo”, disse.

A proposta orçamentária do Ministério do Esporte para 2017 é de R$ 960 milhões, enquanto que o valor à disposição da pasta este ano era de R$ 1,72 bilhão. Em 2016, o programa Bolsa Atleta patrocinou 6.152 atletas de modalidades olímpicas e paralímpicas. Foram R$ 80 milhões de investimento. Dos 465 brasileiros participantes da Olimpíada, 358 eram beneficiados pelo programa do governo federal (77%). A proporção era maior na delegação brasileira dos Jogos Paralímpicos, com 262 contemplados (90,6%).

A preocupação com o futuro se estende aos atletas paralímpicos. No entanto, o sucesso dos Jogos do Rio é um alento para os medalhistas. “A gente não sabe realmente o que vai acontecer, fica na expectativa. Depois dos bons resultados dos atletas e com o apoio da torcida brasileira, acho que vai dar certo”, afirmou Shirlene Coelho, que ganhou projeção ao faturar a medalha de ouro no lançamento de dardo da classe F37.

Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons ressalta que o investimento nas modalidades deu um salto com o aumento do valor de repasse da Lei Agnelo/Piva e não sofrerá alteração. Por outro lado, reconhece a inquietação dos atletas. “Além do dinheiro, eles têm uma cadeia de profissionais que depende deles. Entendo o receio. Tem um tempo para a renovação com os patrocinadores, mas as contas continuam chegando mensalmente na casa dos atletas”.

Posso ajudar?