Estadão

Incêndios fora de controle matam mais de 40 em países do Mediterrâneo

Incêndios fora de controle estão queimando nove países da bacia do Mar Mediterrâneo. As chamas fogo vêm se espalhando da Grécia até Portugal, além do Norte da África, alimentadas pelo tempo seco, calor extremo e ventos fortes. O fogo destruiu casas, forçou remoção de pessoas e ameaçou reservas naturais. Pelo menos 40 pessoas morreram nos últimos dias.

A Grécia tem sofrido mais do que o normal com o calor este ano. Na cidade de Cálcis, norte de Atenas, a temperatura chegou a 48ºC. Autoridades retiraram mais de 20 mil pessoas de casas e resorts nas ilhas de Rodes, Corfu e Evia. Cerca de 3 mil turistas tiveram de voltar às pressas para casa, segundo o Ministério dos Transportes – novas viagens foram canceladas.

Na terça-feira, 25, dois pilotos de combate a incêndios morreram na queda de um avião perto da cidade de Karystos, na ilha de Evia. O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, parecia desolado. "Diante do que todo o planeta está enfrentando, especialmente o Mediterrâneo, não há mecanismo mágico de defesa. Se houvesse, teríamos implementado."

Na Itália, o clima extremo é responsável por uma dupla tragédia: chuvas no norte e incêndios na Sicília. Sete pessoas morreram. Em Milão, uma tempestade seguida de uma chuva de granizo inundou a cidade e derrubou centenas de árvores. Uma delas matou uma jovem de 16 anos que acampava perto de Brescia.

Os corpos de dois idosos foram encontrados em uma casa consumida pelas chamas perto do aeroporto de Palermo, na ilha da Sicília, que foi temporariamente fechado por causa das chamas. Bombeiros lutam contra o fogo também na Sardenha.

"Vivemos na Itália os dias mais complicados das últimas décadas: tempestades, tornados e granizo no norte, e calor escaldante e incêndios devastadores no centro e no sul. A convulsão climática que atingiu nosso país exige de todos nós uma mudança de atitude", disse Nello Musumeci, ministro da Proteção Civil.

<b>Crime</b>

Mas nem todo fogo é culpa das mudanças climáticas. Os promotores de Palermo iniciaram nesta quarta-feira, 26, uma investigação sobre os incêndios florestais que atingiram a Sicília. De acordo com os investigadores, dezenas deles podem ter sido provocados deliberadamente.

Durante anos, a máfia foi suspeita de envolvimento em incêndios florestais, impulsionada pelos lucrativos contratos de reflorestamento, embora essa ligação ainda não tenha sido comprovada desta vez. Ontem, autoridades da Calábria divulgaram imagens capturadas por um drone de um piromaníaco começando um incêndio. O governador da Calábria, Roberto Occhiuto, disse que ele estava sendo procurado pela polícia.

Do outro lado do Mar Adriático, o fogo se espalhou pela cidade medieval de Dubrovnik, na Croácia, No entanto, os ventos eram tão fortes que os aviões de combate a incêndios não conseguiam decolar. "Temos de ter cuidado, porque o vento está aumentando e o fogo pode crescer novamente", disse Stjepan Simovic, comandante dos bombeiros. A força dos ventos também causou estragos em Montenegro, onde duas pessoas morreram afogadas e várias ficaram feridas nas cidades costeiras de Ulcinj e Petrovac.

<b>Espanha</b>

Incêndios também queimaram o centro da ilha de Gran Canária, na Espanha. Autoridades tiveram de remover centenas de moradores, fechar estradas e enviar helicópteros para combater as chamas. Em Portugal, vítima de uma seca que afeta 90% do país, os bombeiros lutam para apagar o fogo perto de Cascais, mas os fortes ventos complicam o trabalho. As chamas já consumiram 145 quilômetros quadrados do Parque Natural de Sintra-Cascais.

<b>África</b>

A maior quantidade de mortes até agora foi registrada na Argélia, onde a temperatura passou de 50ºC, segundo o Escritório Nacional de Meteorologia. Entre os 34 mortos estão 10 militares que ficaram presos pelas chamas em Beni Ksila, na Província de Bejaia.

O Exército argelino disse em comunicado que as temperaturas recordes e as difíceis condições climáticas estão dificultando os esforços de socorro. Na vizinha Tunísia, para onde a União Europeia enviou dois aviões de combate a incêndio, os termômetros chegaram a 49ºC. Segundo a TAP, agência oficial de notícias, o diretor de um escola de Nafza, no noroeste do país, morreu asfixiado pelas chamas.

Os incêndios também se espalharam pelas florestas de Latakia, província no noroeste da Síria. Helicópteros estão sendo usados para tentar extinguir o fogo. "Equipes de combate a incêndios estão trabalhando para apagar os enormes incêndios florestais nas florestas de Latakia, que estão fora de controle", informaram os bombeiros sírios. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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