Apesar da indefinição das bolsas americanas, o Ibovespa sobe moderadamente, com investidores avaliando o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre. Na B3, a valorização de quase 4% do minério de ferro no porto chinês de Qingdao (3,86%, a US$ 144,55 a tonelada) é o diferencial, estimulando valorização dos papéis do setor e impedindo queda do índice Bovespa.
Por aqui, o PIB cresceu 1,0% no primeiro trimestre ante o anterior (abaixo da mediana de 1,2% das projeções do mercado financeiro) e subiu 1,7% no confronto interanual (mediana de 2,1%). No entanto, houve algumas revisões de resultados anteriores para cima.
"Se tirarmos uma fotografia do PIB, vemos que houve melhora em diversos setores. Pode não ser o PIB dos sonhos, mas vemos melhoria em serviços, consumo. Porém, não podemos nos esquecer que estamos no meio de um choque. De um lado, tem um PIB que não é ótimo, mas é bom. De outro, temos inflação", avalia José Simão, sócio da Legend Investimentos.
Em Nova York, as bolsas caem, após o recuo da véspera. A desvalorização refletiu temores de que a inflação e o aperto monetário global segurem o crescimento econômico das principais potências mundiais. Do outro lado do planeta, só China conseguiu subir, em meio ao processo de reabertura da economia local.
Hoje, dados do mercado de trabalho americano mostraram desaceleração, o que pode ser visto como fator de menos pressão no Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). "Claro que o resultado da ADP vagas do setor privado veio um pouco abaixo, o que pode tranquilizar. Porém, o mercado de trabalho americano se mantém em ritmo razoável e a ADP não tem sido um grande previsor do payroll dado oficial de emprego que sai amanhã", avalia o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.
Segundo o economista da Tendências, no entanto, o foco do Fed será o aperto monetário para combater a inflação, mas sempre fica o dilema em relação ao ritmo de alta dos juros.
O setor privado dos Estados Unidos criou 128 mil empregos em maio, informou a ADP, ante previsão de geração de 299 mil no mês passado.
"Se não fosse a decisão da Opep+, os mercados estariam positivos", diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidiu elevar a sua produção da commodity em 648 mil barris por dia (bpd) em julho, elevando o acréscimo anteriormente previsto, de 432 mil bpd.
"Aumentaram menos a oferta. Chegou a ventilar um milhão, e isso frustrou. O petróleo reagiu em alta, assim como as bolsas lá fora e aqui Ibovespa passou a cair e NY acelerou a queda, pois há risco de mais inflação", resume o estrategista.
Neste sentido, as ações da Petrobras caem, pois, em tese, é mais pressão para reajuste nos preços dos combustíveis, acrescenta, ficando em segundo plano a notícia de que a empresa entrará no PPI para estudo de privatização. Às 11h31, o Ibovespa subia 0,01%, aos 111.367,82 pontos, ante máxima diária aos 112.507,21 pontos (alta de 1,03%). Petrobrás caía 0,57% (PN) e 0,87% (ON), Vale subia 1,26% e CSN ON, 2,57%. Do setor de consumo, Magazine Luiza subia 2,7%, entre as oito maiores altas do Ibovespa.