Um grupo de médicos foi levado às pressas para a região central da Índia nesta quarta-feira depois de pelo menos 12 mulheres terem morrido e dezenas terem sido internadas após a realização de cirurgias de esterilização, parte de um programa nacional e gratuito do governo cujo objetivo é limitar o número de nascimentos no segundo país mais populoso do mundo, informaram autoridades.
O caso destaca os riscos enfrentados por mulheres em idade reprodutiva numa país que tem de lidar com uma grande população e a crescente pobreza.
No total 83 mulheres, todas moradores de vilas e com menos de 32 anos, passaram pela cirurgia no sábado e foram enviadas para casa naquela noite. Mas dezenas delas começaram a passar mal horas depois e foram levadas de ambulância para hospitais privados de Bilaspur, cidade do Estado central de Chhattisgarh.
Até a manhã desta quarta-feira, pelo menos 12 delas haviam morrido, informaram autoridades.
A aparente causa das mortes foi infecção generalizada ou choque hemorrágico, o que acontece quando uma pessoa perde muito sangue, afirmou o vice-diretor de Saúde do Estado, Amar Singh. Dezenas de mulheres ainda estavam hospitalizadas nesta quarta-feira, dentre elas mais de dez em estado crítico.
O governo da Índia, preocupado com a ampla pobreza entre sua crescente população de 1,3 bilhão de pessoas, realiza milhões de cirurgias anuais gratuitas de esterilização tanto em homens quanto em mulheres que queiram evitar o risco e os custos de ter um filho. A grande maioria das pacientes é de mulheres pobres que geralmente recebem uma gratificação única que varia entre US$ 10 e US$ 20, ou o salário semanal de uma pessoa pobre na Índia. Cerca de 180 milhões de pessoas no país ainda vivem com menos de US$ 1,25 por dia.
A Índia tem uma das mais altas taxas de esterilização entre mulheres de todo o mundo, sendo que cerca de 37% delas fazem a cirurgia, em comparação com 29% na China, segundo dados de 2006 da Organização das Nações Unidas (ONU). Cerca de 4,6 milhões de mulheres indianas foram esterilizadas em 2011 e 2012, segundo o governo.
As mulheres que passaram pela cirurgia no sábado receberam cada uma US$ 10 e todas as operações foram realizadas num intervalo de seis horas, disse por telefone o diretor medido do Estado, doutor S.K. Mandal. “Isso não é comum”, afirmou ele, mas recusou-se a fazer mais declarações até que as autópsias determinem exatamente o que deu errado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha que cada paciente seja monitorada por 48 horas após passar por cirurgias de laparoscopia como as realizadas em Bilaspur. O procedimento é uma das cirurgias minimamente invasivas mais realizadas e geralmente é feito com anestesia local. Fonte: Associated Press.