O Índice de Volatilidade da CBOE (VIX, na sigla em inglês), medidor de medo de Wall Street, subiu pelo nono dia seguido nesta sexta-feira, registrando a maior sequência de altas já registrada na história. O indicador – que usa as opções do S&P 500 para medir as expectativas dos traders em relação às oscilações nos mercados de ações – fechou em alta de 1,95%, a 22,51.
Nesta semana, o VIX subiu mais de 36%, evidenciando o estresse dos investidores com a proximidade das eleições presidenciais dos Estados Unidos. Embora o mercado tenha precificado em grande parte a vitória da candidata democrata Hillary Clinton, as recentes pesquisas apontam para uma eleição apertada, e não foram suficientes para aliviar a preocupação dos investidores com o rumo político da maior economia do planeta.
Segundo o estrategista de derivativos da Macro Risk Advisers, Pravit Chintawongvanich, havia a expectativa de que a volatilidade se dissipasse com uma vitória de Hillary, mas agora, essa perspectiva está deixando de existir. “Nós já havíamos previsto que a volatilidade acabaria com uma vitória da Hillary, mas o VIX a 22 pontos implica uma volatilidade tão alta que achamos que há uma boa chance dela não acabar independentemente de quem vença a eleição”, disse.
As incertezas em torno do rumo político nos EUA têm aumentado desde a semana passada, quando a Agência Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) reabriu uma investigação sobre o uso de um e-mail pessoal por Hillary na época em que ela servia como secretária de Estado do governo Barack Obama.
Nem mesmo as polêmicas envolvendo o candidato republicano Donald Trump e a forma com que ele trata as mulheres foram suficientes para dar à Hillary uma ampla vantagem nas pesquisas. Além disso, participantes do mercado afirmam que, mesmo que a democrata ganhe, seu mandato seria perturbado pela inconformidade de Trump e seus apoiadores com a derrota, desestabilizando Washington, onde a Câmara dos Representantes já é controlada pelos republicanos.
A última vez que o VIX deu um susto no mercado foi quando os britânicos optaram, em um referendo, por se separarem da União Europeia, em um movimento apelidado de Brexit. O resultado da votação resultou no afastamento do então primeiro-ministro, David Cameron, que deu lugar à Theresa May.
A nova premiê sinalizou assertividade ao dizer que queria um Brexit rápido, aliviando temores sobre um divórcio litigioso com a UE e os possíveis impactos na economia global. Nesta semana, no entanto, a Suprema Corte britânica ordenou que todas as decisões do governo May sobre o Brexit devem ser submetidas à aprovação parlamentar. A notícia não foi bem recebida pelo mercado acionário europeu, que fechou majoritariamente em queda tanto ontem como hoje. (Matheus Maderal – [email protected])