Antes de transmitir a expectativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o ajuste financeiro do País, a diretora-gerente Christine Lagarde afirmou que “são os pobres que mais sofrem” com o descontrole de gastos no governo. Após percorrer, de teleférico, o conjunto de favelas do Alemão, no Rio, e de ouvir relatos de beneficiárias de programas sociais, a executiva não hesitou em dar seu recado: “A disciplina fiscal é a base para financiar os programas. Os dois andam juntos. As pessoas que mais sofrem com a indisciplina, no fim das contas, são os mais pobres”.
Além do endereço certo, o alerta veio na véspera da confirmação de cortes orçamentários que não pouparão programas sociais. Mesmo assim, a executiva não poupou elogios ao Bolsa Família e a outros projetos que integram o programa Brasil Sem Miséria, vitrine da gestão da presidente Dilma. “Já tinha ouvido falar dos programas, mas tem outros projetos de base que dão sustentabilidade”, disse, destacando a abordagem “multidimensional” de diferentes esferas de governo e o cadastro único dos beneficiários. “É um fato histórico reservar porcentual do PIB para os programas”, disse.
Foi a própria Lagarde quem propôs conhecer de perto os projetos sociais avaliados em relatório do FMI, publicado no início do mês. A diretora, entretanto, nem chegou a sair das estações do teleférico que liga as diferentes favelas do Complexo do Alemão, que teve policiamento reforçado no entorno das estações visitadas.
A diretora percorreu por 15 minutos três estações e se disse “surpreendida” com o modelo de transporte: “Me senti em uma estação de esqui”. Ela também ficou “impressionada” com a dimensão da favela e com a solidez das casas de alvenaria.
No saguão da estação, a diretora do FMI foi recebida por beneficiários de programas sociais e assistiu a uma apresentação de capoeira.
Brasília
Na tarde desta quinta-feira, 21, Christine Lagarde teve encontros em Brasília com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e com a presidente Dilma Rousseff. “Discutimos a possibilidade de uma relação mais estreita entre o Mercosul e a União Europeia e os benefícios econômicos que podem surgir disso”, disse a dirigente do FMI, após o encontro com Dilma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.