Estadão

Indonésia afasta nove policiais após tumulto que matou mais de 130 em estádio

As autoridades da Indonésia afastaram nove policiais envolvidos na tragédia que matou ao menos 131 pessoas em um estádio de futebol na cidade de Malang, no último sábado. "Vamos garantir que as leis sejam seguidas contra qualquer um que seja considerado culpado", disse o chefe de polícia da província de Java Oriental, Nico Afinta, em entrevista coletiva.

Uma investigação interna foi aberta para rever as ações das forças de segurança, que dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra as arquibancadas, o que pode ter agravado o tumulto. Na terça-feira, o número de mortos na tragédia subiu para 131, segundo autoridades locais. As mais recentes vítimas morreram de ferimentos sofridos no incidente.

Nico Afinta também informou que a polícia planeja fornecer mais detalhes sobre o caso. No momento, sabe-se que o chefe da polícia de Malang, Ferli Hidayat, e outros nove oficiais foram afastados do cargo enquanto as investigações são realizadas e que 28 oficiais estão sendo interrogados devido aos incidentes após a partida de sábado.

A tragédia ocorreu ao fim da partida entre Arema FC e Persebaya Surabaya, válida pelo Campeonato Indonésio. De acordo as autoridades locais, milhares de torcedores do time local invadiram o campo do Estádio Kanjuruhan, em Malang, depois da derrota por 2 a 3.

Houve confronto com os agentes de segurança, que dispararam gás lacrimogêneo. Isso provocou grande tumulto nas arquibancadas e uma consequente fuga em massa em direção à saída. As vítimas teriam sido pisoteadas na correria. Ao menos 131 pessoas morreram, incluindo 33 crianças, segundo dados oficiais. As principais causas das mortes foram asfixia, trauma ou atropelamento, de acordo com fontes hospitalares e testemunhas.

O governo da Indonésia prometeu esclarecer as causas do evento, descrito como a pior tragédia do futebol indonésio e um dos piores episódios deste esporte já registrados no mundo. O ministro da Segurança, Mahfud MD, anunciou na segunda-feira a formação de uma comissão independente para investigar os atos de violência cometidos por torcedores, bem como as ações de agentes de segurança.

O presidente indonésio, Joko Widodo, ordenou uma indenização às famílias das vítimas. "Como sinal de condolências, o presidente doará 50 milhões de rúpias (cerca de R$ 16,8 mil) para cada vítima falecida", disse ainda o ministro da Segurança, que prometeu a entrega do dinheiro em um ou dois dias.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, classificou o incidente como "dia sombrio" e "tragédia além da compreensão", além de prestar condolências aos familiares e amigos das vítimas em um comunicado oficial da entidade máxima do futebol. "Junto com a Fifa e a comunidade global do futebol, todos os nossos pensamentos e orações estão com as vítimas, aqueles que foram feridos, juntamente com o povo da República da Indonésia, a Confederação Asiática de Futebol, a Associação de Futebol da Indonésia e a Liga de Futebol da Indonésia, neste momento difícil."

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