A queda de 3,8% na indústria em agosto ante julho fez o setor se afastar ainda mais do ponto mais elevado de produção. A indústria opera atualmente 21,3% abaixo do pico da série histórica, alcançado em julho de 2013, segundo a Pesquisa Industrial Mensal divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A indústria opera em patamar semelhante a dezembro de 2008”, apontou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE. Segundo ele, após cinco meses de resultados positivos consecutivos, houve uma reversão de trajetória.
“Mas talvez essa seja uma característica desse período mais recente do setor industrial, de perdas com alguns movimentos de resultados positivos”, disse ele. “Talvez essa recuperação tenha essa característica, um comportamento mais errático e de mais instabilidade”, acrescentou.
Macedo reconhece que a trajetória da indústria ao longo de 2016 é mais positiva do que a registrada em 2015, quando houve uma sequencia de 11 resultados negativos consecutivos, de fevereiro a dezembro. Em 2016, de janeiro a agosto, a indústria recuou em apenas dois meses: -2,6% em fevereiro ante janeiro e -3,8% agora em agosto.
“Não tem ainda uma configuração de uma trajetória ascendente que elimine todas aquelas perdas do setor industrial. Claro que não temos a sequência de resultados negativos de 2015. As quedas em 2016 são elevadas, mas tem ali alguns comportamentos positivos que não vinham. Mas pode ser que o setor industrial esteja respondendo à demanda doméstica, que permanece retraída”, avaliou o gerente do IBGE.
O pesquisador lembra que a demanda doméstica permanece afetada pela deterioração no mercado de trabalho – aumento da taxa de desocupação, número elevado de desocupados e queda na renda recebida – e pelo crédito caro, restrito e escasso. “Esses fatores não sumiram de uma hora para outra”, ressaltou.
Na passagem de julho para agosto, o desempenho da indústria foi afetado pelo desempenho de bens de consumo duráveis e bens intermediários. A queda de 4,3% na fabricação de bens intermediários em agosto ante julho foi a mais acentuada desde dezembro de 2008, quando caiu 11,3%. Já o recuo de 9,3% em bens de consumo duráveis foi o mais elevado desde junho de 2015, quando diminuiu 13,5%.