O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), adversário derrotado do governador Geraldo Alckmin (PSDB) nas eleições do ano passado, Paulo Skaf (PMDB), falou nesta quinta-feira sobre a crise da água no Estado e não poupou críticas ao governo estadual. “Temos que reconhecer que as chuvas foram poucas, mas você faz obras exatamente para o período de falta de chuvas. Tem regiões do mundo que são desertos e não falta água. Então, a responsabilidade do governo existe sim. Houve falta de obras e de combate à vazamentos”, disse a jornalistas ao lembrar que um terço da água tratada em São Paulo é perdida, o que equivale em um ano ao volume completo do principal manancial da região metropolitana, o Cantareira, de cerca de 1 bilhão de metros cúbicos.
Sem citar diretamente o nome de Alckmin, Skaf disse que faltou transparência para comunicar a gravidade da situação já no ano passado e que “agora, quem paga o pato é a sociedade”. ” Veja agora a correria para interligar represas. Se há possibilidade de fazer isso, por que já não se fez? Faz depois da bomba estourada”, criticou. Os principais anúncios de Alckmin até aqui são de obras para interligar represas que atendem ao abastecimento de água, de forma a dar mais segurança ao sistema. Entre as principais apostas do governo estadual a interligação com o sistema São Lourenço, incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, e interligação da represa Billings para socorrer o sistema do Alto Tietê. A primeira, no entanto, só deve ficar pronta em 2017 e a segunda deve ser parcialmente entrega em maio.
Ao contrário do que disse recentemente o governador, Skaf disse que de alguma forma todas as indústrias do Estado estão sendo afetadas pela falta de água. Através de programas de reúso e captação própria de água, o presidente da Fiesp disse que até o momento foram poucos os casos de parada na produção. “A indústria a exemplo do resto da sociedade está se virando e vai continuar a se virar, não tem alternativa”, afirmou. No dia 27, em evento em Suzano, Alckmin afirmou que as empresas paulistas “são extremamente preparadas” e que não precisavam de ajuda do governo para atravessar a crise hídrica.
Questionado sobre a aproximação do PMDB com o PT na capital paulista, com a indicação de Gabriel Chalita para a secretaria de Educação na gestão Fernando Haddad, Skaf disse que a possível parceria entre os partidos para reeleição de Haddad em 2016 ainda é especulação. “Neste momento o que tem de concreto é que PMDB, de quatro secretarias, foi para cinco”, afirmou. Ele disse ainda que a nomeação de Chalita foi uma decisão do partido da qual não participou, por ter reassumido suas funções na Fiesp.