Estadão

Inflação continua elevada nos EUA e mercado de trabalho segue forte, diz Powell

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que a inflação nos Estados Unidos continua elevada e o mercado de trabalho segue forte. "Entendemos as dificuldades que a alta inflação está causando e continuamos fortemente comprometidos em reduzir a inflação para a nossa meta de 2% ao ano", comentou ele, em coletiva de imprensa no período da tarde desta quarta-feira, 22, após nova elevação de 25 pontos-base nos juros americanos, para 4,75% a 5,00% ao ano.

Powell disse que a estabilidade de preços é "responsabilidade" do Federal Reserve. "Sem estabilidade de preços, a economia não funciona para ninguém", acrescentou.

Ao comentar sobre a situação econômica dos EUA, afirmou que houve uma desaceleração "significativa" desde o ano passado e que o gastos do consumidor parecem ter atingido o pico neste trimestre. Segundo ele, parte dessa força pode ter relação com os efeitos das oscilações do clima na virada do ano.

Em contrapartida, acrescentou, a atividade no setor imobiliário continua fraca. Em grande parte refletindo taxas de hipoteca mais altas. "Taxas de juros mais altas e crescimento mais lento da produção também parecem estar pesando sobre o investimento fixo das empresas", avaliou Powell.

<b>Riscos ao crescimento para a economia dos EUA</b>

O presidente do Federal Reserve disse ainda que os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) veem riscos de baixa para a maior economia do mundo. Para este ano, a projeção de crescimento é de apenas 0,4% e para 2023 de 1,2%, abaixo da média de longo prazo, de expansão de 1,8%.

"E quase todos os participantes veem os riscos de baixa para o crescimento do PIB", disse Powell.

Nesse contexto, ele reforçou que o mercado de trabalho segue bastante aquecido nos EUA, mas que o crescimento dos salários já dão alguns sinais de desaceleração.

"Esperamos que as condições de oferta e demanda no mercado de trabalho cheguem a um melhor equilíbrio ao longo do tempo, aliviando as pressões de alta sobre salários e preços", disse Powell.

<b>Problemas bancários e confiança dos bancos</b>

O presidente do Federal Reserve iniciou a coletiva de imprensa de uma das decisões de juros mais esperadas desde o início do aperto monetário nos Estados Unidos chamando atenção para a turbulência do setor bancário americano nas últimas semanas. Ele afirmou que problemas isolados, se não forem resolvidos, podem ameaçar a capacidade do sistema bancário como um todo e que a autoridade está trabalhando para que os recentes episódios não se repitam.

"A história tem mostrado que problemas bancários isolados, se não forem resolvidos, podem minar a confiança em bancos saudáveis e ameaçar a capacidade do sistema bancário como um todo de desempenhar seu papel vital no apoio às necessidades de poupança e crédito de famílias e empresas", disse Powell.

Segundo ele, o Fed, o Tesouro e a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), uma espécie de FGC dos EUA, tomaram "medidas decisivas" e "poderosas" para proteger a economia dos EUA e fortalecer a confiança do público no sistema bancário americano. Reforçou ainda o coro de outros reguladores à segurança dos depósitos.

"Essas ações demonstram que todas as poupanças dos depositantes no sistema bancário estão seguras", afirmou Powell.

De acordo com ele, o programa de liquidez lançado pelo Fed, juntamente com a janela de desconto, está "efetivamente" atendendo aos meios de financiamento incomuns que alguns bancos enfrentam e "deixa claro que ampla liquidez no sistema está disponível".

"Nosso sistema bancário é sólido e resiliente, com forte capital e liquidez", destacou o presidente do Fed, acrescentando que o regulador está fazendo uma "revisão abrangente" sobre potencial reforço necessário na regulação bancária.

Powell prometeu continuar a monitorar de perto as condições do sistema bancário e disse que o Fed está preparado para usar todas as ferramentas conforme necessário para mantê-lo "sólido e salvo". "Além disso, estamos empenhados em aprender as lições deste episódio e trabalhar para evitar que episódios de eventos como este aconteçam novamente", acrescentou.

Em decisão unânime, o Fed elevou a taxa básica de juros dos EUA em 25 pontos-base, para o intervalo de 4,75% a 5,00% ao ano, priorizando a estabilidade de preços à financeira, em linha com as expectativas de Wall Street.

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