O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Atlanta, Raphael Bostic, afirmou nesta terça-feira, 30, avaliar que o Fed ainda não concluiu o processo de aperto na política monetária. Para ele, a política "terá de se mover mais para o território restritivo", a fim de conter logo a inflação.
Por outro lado, Bostic também comentou que, se os próximos indicadores mostrarem que a inflação começa a desacelerar, isso dará razão ao Fed para reduzir o nível das altas de 75 pontos-base implementadas em reuniões recentes. "Teremos de ver como virão os próximos dados", resumiu, em análise publicada nesta terça-feira no site da distrital.
Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Bostic escreveu sobre a importância de se gerenciar riscos na política monetária, "em momentos de incerteza". Segundo ele, indicadores do verão local mostram "vislumbres" de algumas boas notícias na luta contra a inflação. Ao mesmo tempo, ressaltou que contê-la continua a ser a prioridade do BC norte-americano.
Bostic disse que "parece aparente que a atividade desacelerou" nos EUA. Alguns contatos dele dizem que os preços mais altos levam consumidores a optar por produtos com preços mais baixos ou a desistir de comprar itens supérfluos, por exemplo.
Outros dados, porém, sugerem uma economia "que está fundamentalmente estável", considerou, com o crescimento do emprego neste ano ainda em nível "forte", por exemplo. Ele também disse que ouve relatos e vê algumas evidências de que problemas nas cadeias de produção podem estar se resolvendo, "talvez neste ano".
O ambiente é de incertezas, e o Fed não deseja acrescentar mais uma a ela, argumentou. Bostic defende que o Fed adote postura para garantir que a inflação não fique arraigada para consumidores e empresas.
Segundo ele, as expectativas de inflação seguem ancoradas e inclusive mostram uma leve queda recente. De qualquer modo, o dirigente ressaltou que o risco em relação a esse ponto aumenta, quanto mais a inflação seguir em nível elevado.
Uma política monetária muito agressiva também traz riscos, lembrou. Segundo Bostic, o Fed está "firmemente comprometido" em controlar a inflação, mas manter a economia "a mais forte possível para as famílias americanas".