Estadão

Inflação na América Latina está caindo de forma saudável, diz economista-chefe do Santander

A inflação está caindo no mundo, mas de forma gradual e diferente em cada região. Na América Latina, primeiro local do mundo a elevar juros, está se reduzindo de forma saudável, afirmou o Juan Cerruti, economista-chefe global do Santander.

Cerruti disse que a economia mundial passou por dois choques de ofertas em 18 meses, o que historicamente é muito pouco frequente. O reflexo foi a maior inflação no planeta em 40 anos, o que levou os bancos centrais a aumentarem os juros mundo afora.

"Vimos um endurecimento monetário conjunto como nunca havíamos visto no mundo", disse ele, ressaltando que oito em dez BCs do mundo elevaram juros. E mesmo neste cenário, a economia mundial em 2023 está melhor que o esperado.

E uma das explicações para a atividade mais forte é que os governos lançaram desde a pandemia políticas fiscais expansionistas, elevando gastos públicos. Outra explicação é a reação dos mercados de trabalho, com alguns deles em pleno emprego.

"A inflação está baixando na maioria das regiões do mundo, mas de forma gradual e de forma distinta entre as regiões", disse Cerruti. Na América Latina, está baixando de forma mais saudável.

O cenário-base do Santander é uma "aterrissagem suave" da economia mundial, com os bancos centrais mantendo juros altos por mais tempo, mas sem afetar muito a atividade. A transmissão da política monetária para a atividade tem sido lenta, afirmou o economista.

Os riscos principais para este cenário são a inflação se mostrar mais resistente à queda e a piora geopolítica.

Na zona do euro, a desaceleração da atividade tem sido um pouco mais forte, ao contrário dos Estados Unidos, com a economia mostrando mais resistência.

A América Latina está melhor posicionada neste momento, pois os bancos centrais da região não só elevaram os juros antes de seus pares no resto do mundo, mas também de forma mais intensa, disse o economista a jornalistas.

O BC do Brasil começou a elevar os juros 11 meses antes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e de outras autoridades monetárias do mundo. Por isso, consegue agora baixar os juros de forma mais consistente.

*O jornalista viajou a convite do Santander

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