O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou na noite da segunda-feira, 29, que o Brasil entrou em uma "janela em que provavelmente" a queda da inflação vai continuar. "A gente tem uma inflação que parece que vai engrenar uma melhora, mesmo que lenta, ao mesmo tempo que a atividade tem surpreendido para cima", afirmou, em premiação em Fortaleza.
O chefe da autoridade monetária disse que, pela primeira vez, o Brasil passa por um surto de inflação global com índices de preços abaixo da média internacional e que isso se deve ao fato de o BC ter iniciado o ajuste monetário mais rápido.
Nesse ponto, ele frisou que a inflação cheia no Brasil foi a que mais caiu entre os emergentes. No entanto, as médias de núcleos, observadas pelo BC, caem lentamente, o que demanda cuidado. "Ainda tem um trabalho a ser feito", afirmou.
Campos Neto também expressou otimismo com a melhora das expectativas de inflação no longo prazo, que, observou, seguem bastante elevadas em razão do debate sobre a meta e as incertezas fiscais.
Referindo-se ao novo arcabouço fiscal, aprovado pela Câmara, Campos Neto disse que a parte das incertezas fiscais está sendo endereçada.
"Então, a gente entende que isso vai melhorar", afirmou o presidente do BC, após mostrar que, apesar da melhora das expectativas nas últimas semanas para a inflação de 2023 e 2024, as projeções de longo prazo do mercado seguem em 4%, quando a meta é de 3%.
Campos Neto citou ainda a redução do potencial de crescimento do Brasil ao explicar os juros altos e defender reformas que melhorem a produtividade, que, pontuou, ficou parada na volta da pandemia.