Estadão

Inflação persistente dificulta corte de juros nos EUA, diz economista-chefe do C6 Bank

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve ter dificuldades para colocar os juros nos níveis esperados pelo mercado este ano, afirma o economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles, na edição desta semana do <i>Broadcast nas Redes</i>.

Salles alerta para os sinais de persistência da inflação nos Estados Unidos, principalmente no setor de serviços. O mercado de trabalho ainda aquecido também impõe obstáculos aos cortes de juros, na visão dele. "Os salários estão crescendo em ritmo superior à produtividade, o que acaba virando custo para as empresas, que é repassado por meio da inflação", explica.

O quadro pode complicar os planos do banco central americano ao desancorar as expectativas de preços e amplificar o custo para a volta das métricas inflacionárias à meta, acrescenta Salles. Neste ambiente, o economista entende que o Fed não pode descartar completamente nem a possibilidade de ter que voltar a aumentar a taxa básica, embora esse não seja o cenário mais provável.

Segundo o economista, o prolongamento da política monetária restritiva por parte do Fed deve continuar fortalecendo o dólar, o que pode travar o processo de redução da Selic no Brasil. O real, no entanto, tem enfrentado pressão mais aguda que a de outros países emergentes, como resultado da escalada da dívida pública brasileira. "O fiscal é uma fragilidade", diz.

A trajetória do endividamento também é preocupante nos EUA, no entendimento de Salles. Para ele, o debate sobre a necessidade de um ajuste fiscal ainda não está maduro em Washington D.C., enquanto a polarização política intensa dificulta a formação de consenso. "É uma situação que, na minha opinião, requer bastante cuidado", comenta.

Confira a entrevista completa em: https://www.youtube.com/watch?v=RUw-LBxjLpQ

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