Diretora do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Michelle Bowman afirmou que houve "apenas um progresso modesto" na inflação nos Estados Unidos até agora neste ano e a inflação "deve seguir elevada por algum tempo". Durante discurso realizado em Londres nesta quarta-feira, ela disse que houve um ganho de fôlego "em vários meses" no início de 2024, mais evidente em muitas categorias de bens e serviços, o que sugeriria uma queda apenas temporária dela mais para o fim do ano passado. "Os preços continuam a ser bem mais altos que antes da pandemia, o que pesa no sentimento do consumidor", avaliou.
A atividade econômica dos EUA, por sua vez, avançou "a um ritmo forte no ano passado, mas parece ter moderado no início deste ano". Já a geração de empregos "continuou a subir em ritmo sólido em abril e maio, embora um pouco mais fraca que no primeiro trimestre", em parte refletindo a maior oferta de trabalhadores por causa da imigração. "Apesar de mais algum reequilíbrio entre oferta e demanda, o mercado de trabalho segue apertado", afirmou.
A política monetária atual "parece restritiva" e a diretora do Fed diz que continua a monitorar os dados para avaliar se está "restritiva o suficiente para levar a inflação de volta à nossa meta" de 2%. O cenário-base dela continua a ser de que a inflação cairá mais, com a política monetária mantida no nível atual, e mais adiante deve ser apropriado cortar o juro "gradualmente", para evitar que a política fique restritiva em demasia. Ao mesmo tempo, ela disse que ainda não sabe em que momento será apropriado cortar os juros, além de ponderar que continua a ver "vários riscos de alta para a inflação".
O quadro geopolítico é um risco de alta para a inflação, segundo Bowman. Ela disse que o maior nível de imigração e o "continuado aperto no mercado de trabalho" poderiam levar a um núcleo da inflação de serviços "persistentemente elevado".
Ao mesmo tempo, Bowman ressalta que a política monetária "não está em um rumo predeterminado" e pode ser ajustada, a depender do quadro a cada reunião e dos indicadores.
A diretora do Fed ainda comentou que pode haver um meio de implementar as mudanças de Basileia III, mas também realizar mudanças mais pontuais para melhorar sua eficiência. Ela enfatizou a necessidade de que reguladores não percam de vista as "implicações práticas de reforma regulatória", mesmo no momento em que os EUA consideram os próximos passos para adotar as reformas de capital previstas em Basileia III.