Um grupo autointitulado Vingadores do Delta do Níger tem atacado instalações do setor de petróleo da Nigéria há quatro meses, com bombas em oleodutos e equipamentos destruídos. Os estragos pressionam a maior economia do continente e tiraram do país o posto de maior produtor de petróleo na África, ocupado agora por Angola.
Na suposta conta do Twitter do grupo, ele ameaçou levar a produção da Nigéria “a zero”. Na sexta-feira, o grupo de militantes bombardeou dois oleodutos, um da Royal Dutch Shell e outro da Eni, segundo a Marinha da Nigéria. A Shell confirmou sinais de vazamento em um dos oleodutos e disse que avaliava os estragos. A Eni confirmou um ataque, mas disse que ele não gerou problemas em suas operações.
O grupo militante parece interessado em minar o governo do presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, segundo consultorias de segurança e autoridades. Ex-ditador militar do norte da Nigéria que foi eleito no ano passado, Buhari é impopular no sul do país – ele recebeu apenas 13% dos votos no Delta do Níger.
O analista de petróleo e gás Dolapo Oni, da Ecobank Transnational, disse que a estratégia dos militantes parece diferente agora. “Eles apenas bombardeiam os oleodutos e então fogem. Querem apenas destruir.”
Com ataques quase semanais desde fevereiro, os militantes reduziram em cerca de 1 milhão de barris por dia a produção de petróleo do país, segundo autoridades nigerianas. Os ataques se intensificaram nas últimas semanas e as notícias vindas da Nigéria têm ajudado a apoiar os preços dos contratos no mercado internacional.
O governo nigeriano já pediu publicamente ao grupo extremista que negocie. Os rebeldes responderam com mais ameaças e exigências duras, como a redistribuição do dinheiro ganho com o petróleo para moradores locais. No mês passado, os extremistas sabotaram pelo menos dez pontos da infraestrutura de petróleo do país.
O Produto Interno Bruto (PIB) nigeriano contraiu 0,36% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com igual período do ano anterior.
Para ganhar apoio no Delta do Níger, Buhari determinou uma grande operação de limpeza na área. Décadas de vazamentos de petróleo deixaram a água na área tão poluída que um relatório da Organização das Nações Unidas estimou que a limpeza deve levar 30 anos. Os militantes também têm reforçado sua presença na área, mesmo enquanto combatem o grupo islâmico Boko Haram no norte do país. Fonte: Dow Jones Newswires.