Os investimentos estrangeiros diretos (IDP) na economia brasileira somaram US$ 46,441 bilhões em 2021, aumento de 23% em relação a 2020, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central. Dessa forma, foram suficientes para cobrir o rombo das contas externas no ano passado – que foi de US$ 28 bilhões.
O IDP engloba investimentos mais duradouros no País, como em uma nova fábrica ou na ampliação da capacidade de uma instalação já existente. O resultado foi beneficiado pela recuperação dos fluxos de investimento após o impacto mais severo da pandemia na economia mundial em 2020. Mas alguns especialistas observam que a entrada de recursos no País é limitada por problemas internos, como os de natureza fiscal, diante das dúvidas sobre a sustentabilidade das contas públicas.
Em dezembro passado, por exemplo, o fluxo surpreendeu ao fechar com resultado negativo de US$ 3,935 bilhões, o pior da série histórica do BC. No mesmo período de 2020, o montante havia sido positivo em US$ 1,102 bilhão. "Foi um resultado pontual que não se projeta para os demais períodos, não deve se repetir", disse o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.
Para o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, o fluxo negativo no último mês de 2021 reforça a preocupação dos agentes econômicos com o Brasil, principalmente os investidores internacionais. "Isso é um fato raro de acontecer e mostra justamente a preocupação com o caminhar da carruagem. O risco do governo com o endividamento e flertando com o populismo mexe com as expectativas, e elas vão para o lado negativo."
<b>Setor externo</b>
O Brasil registrou rombo em transações correntes de US$ 28,110 bilhões em 2021, ante US$ 24,492 bilhões em 2020, segundo o BC. Foi o maior déficit para um ano desde 2019 (US$ 65,030 bilhões), conforme a série do BC, iniciada em 1995. O déficit representa 1,75% do PIB.
O resultado de transações correntes, um dos principais indicadores do setor externo do País, é formado pela balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), pelos serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e pelas rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Para 2022, o BC estima que o déficit em transações correntes somará US$ 21 bilhões.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>