A Vanguarda Viperina, performance criada em 1985 por Tunga, seria, em setembro, um dos destaques da programação dos 10 anos de Inhotim, mas o Instituto Vital Brazil decidiu não manipular as três cobras que protagonizam a ação proposta pelo artista. Na década de 1980, com o auxílio do laboratório do Estado do Rio, Tunga realizou a obra que consistiu em sedar as serpentes com éter e entrelaçá-las para que, aos poucos, o espectador observasse os animais “acordarem” e se libertarem da trança.
“É talvez a mais radical das performances de Tunga”, comentou Marta Mestre, que integra, desde abril, a equipe de curadores do Instituto Inhotim, museu a céu aberto e parque botânico abrigado em área de 140 hectares em Brumadinho, Minas Gerais. O artista, morto em junho, aos 64 anos, entretanto, não deixará de ser o grande homenageado das celebrações da instituição, que promoverá série de atividades entre 1º e 11 de setembro para comemorar o aniversário.
“Tunga foi seminal e influenciou (o empresário siderúrgico e colecionador) Bernardo Paz a fazer o Inhotim”, diz a curadora, destacando o fato de a Galeria True Rouge, com a instalação de mesmo nome desenvolvida em 1997 pelo escultor, ter sido a primeira galeria do instituto.
No interior de uma sala envidraçada, de frente para o lago, a obra em vermelho e a peça Deleite (1999), também do artista, terão, no dia 3, visitas noturnas especiais. True Rouge terá, ainda, outro destaque – no dia 8, às 19h, a coreógrafa Lia Rodrigues, coautora da performance que marcou, em 2004, a inauguração do espaço dedicado ao trabalho (antes de Inhotim ser aberto à visitação pública), vai refazer a ação com 12 participantes. Na ocasião, homens e mulheres nus vão espalhar gelatina vermelha sobre seus corpos e pela obra.
Ao mesmo tempo, a Galeria Psicoativa de Tunga (o maior dos 19 pavilhões permanentes de Inhotim), inaugurado em 2012 e dedicado à exibição de grande conjunto de criações do artista (entre elas, a videoinstalação Ão, de 1981), vai abrigar as reapresentações, no dia 9, às 15h, das performances Make-up Coincidence e A Prole do Bebê.
Como a crise econômica também chegou a Inhotim, que abriu, no ano passado, a Galeria Claudia Andujar, dedicada à fotógrafa – e pela primeira vez um espaço do centro de arte foi construído com ajuda de patrocínio, o instituto não vai inaugurar nenhum pavilhão em 2016.
A compra de 400 obras de Claudia Andujar para o acervo de 1,3 mil peças da instituição foi a última aquisição do instituto. “Uma década é momento de se olhar para dentro”, afirma Marta Mestre, que assina a curadoria de Por Aqui é Tudo Novo, nova mostra temporária (que ficará em cartaz por dois anos) a ser aberta no dia 8 nas galerias Mata e Lago. “Me interessa qualificar as relações na coleção”, explica a curadora, que selecionou trabalhos de Erika Verzutti e Pablo Accineli, entre outros, e pintura de Di Cavalcanti, por exemplo.
Na programação, ainda, Inhotim realiza, a partir do dia 1.º, seminário educativo; show de Fernanda Takai, dia 3, com gravação de DVD; apresentação, dia 10, de Marisa Monte; e concerto, dia 11, da Orquestra Filarmônica de MG.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.