Depressão, que cresceu 18,4% nos últimos anos em todo o mundo e 5,8% no Brasil atinge mulheres são maioria
A depressão e a ansiedade crescem de maneira alarmante em todo o mundo. Nos últimos 10 anos, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4%.
Em termos absolutos são 322 milhões de pessoas depressivas, o que significa 4,4% da população mundial. No Brasil, o percentual de depressivos é de 5,8% e de 9,3% são os que sofrem de ansiedade. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que o Brasil é o país com maior percentual.
Esse crescimento é explicado pelas cobranças da vida moderna: estudos, trabalho, família, vida social, prazos e preocupações financeiras. O mas agravante é que a patologia está entre as que mais matam.
O expectativa da OMS não é boa. Os dados da organização mostram que a depressão será o principal mal do planeta em 2030.
Duas vezes mais as mulheres
É também da OMS os dados que comparam a doença entre os homens e as mulheres e em todo o mundo é verificado que a depressão acomete duas vezes mais as mulheres, independemente de cultura ou classe social.
As várias alterações hormonais que a mulher sofre ao longo da vida é uma das causas (períodos reprodutivos, gravidez e menopausa). Essas alterações as deixam mais vulneráveis emocionalmente, o que pode fazer com que desencadeiem a depressão de origem psicológica, explicam os especialistas: psicólogos e psiquiatras.
Gisele Mender Carvalho, psicóloga de uma assistência médica com atendimento em todo o Brasil, explica que o imediatismo gerado pela internet e mídias sociais, a competitividade e metas abusivas impostas nos ambientes corporativos, o tempo escasso para família e para a vida social e até o sedentarismo também podem ser considerados como fortes fatores desencadeantes – o que os médicos chamam de gatilho.
Depressão no ambiente corporativo
É intensa a cobrança no ambiente corporativo, principalmente a profissionais que acumulam funções e tarefas ou são responsáveis por setores, como coordenadores, gerentes, diretores, supervisores. Eles são cobrados por resultados e para consegui-los dependem do desempenho de equipes que, por via de regra, são motivadas por salários, condições de trabalho.
Nesses casos a incidência da depressão é grande e é justamente nesses ambientes que o preconceito contra a doença se manifesta em forma de piadas maldosas, vindas de superiores, colegas e equipe. São comuns comentários como: “eu também vou falar para o médico que estou com depressão e pedir afastamento”.
A psicóloga Gisele Mender explica que a depressão é uma doença mal compreendida e cercada de preconceitos. “Ela é causada por uma combinação de fatores biológicos, genéticos e psicológicos. Portanto, na prática, qualquer um pode desenvolver quadros depressivos ou de ansiedade exacerbada”, diz.
Mulheres são as maiores vítimas do preconceito
As mulheres são as grandes vítimas desse tipo de preconceito. Isso porque, ao contrário do homem, não costuma fugir da doença.
Em entrevista concedida ao Portal da Psiquiatria, Karina Barbi, médica psiquiatra e docente de Psiquiatria na PUC-Campinas, esclarece que os sintomas de depressão nos homens e nas mulheres são relativamente iguais: humor depressivo (sentimento de tristeza) e a anedonia (perda do prazer em fazer as coisas que antes eram prazerosas), inapetência (falta de apetite), insônia, irritabilidade, pensamentos negativos, apatia (falta de disposição para fazer qualquer coisa), entre outros.
O que muda é a forma como cada gênero lida com a patologia. Segundo a médica, as mulheres tendem a procurar mais ajuda médica e/ou psicológica quando se sentem deprimidas. Já os homens acabam buscando a resolução do seu estado emocional de outra forma, muitas vezes no consumo de bebidas alcoólicas e/ou se isolando mais.
Depressão: como tratar
Essa postura da mulher frente à patologia a coloca mais em evidência, o que a torna mais refém do preconceito. Entretanto também é essa postura que a coloca mais perto da cura. Os médicos alertam que depressão deve ser tratada, pois quando negligenciada tende a se agravar e pode levar ao suicídio.
Os especialistas ressaltam a importância de buscar sempre a ajuda profissional, uma vez que o tratamento pode ser medicamentoso, terapêutico ou os dois. E concordam que independentemente do tratamento administrado, algumas iniciativas podem contribuir muito no combate e/ou redução do estresse que pode desencadear a depressão e ansiedade.
Veja aqui 12 medidas que podem evitar e ajudar a combater a depressão:
• Organizar antecipadamente as atividades diárias;
• Aprender a filtrar os estímulos estressantes – os chamados gatilhos;
• Planejar o tempo mantendo o equilíbrio;
• Ser ativo, praticar exercícios regularmente;
• Tirar férias, reservar tempo para descanso;
• Manter uma alimentação saudável e equilibrada;
• Respeitar as horas de sono;
• Sorrir, cultivar pensamentos positivos;
• Cultivar o hábito de ler, manter a mente produtiva;
• Reservar tempo para família, amigos, momentos de lazer;
• Praticar espiritualidade.
• Não negligencie o tratamento médico.
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Edna Pinson é jornalista com especialização em Coolhunting Reconhecimento de Padrões e Estratégias e Realidade Brasileira, e pós-graduação em Política e Relações Internacionais.