A inovação é uma questão de sobrevivência para os negócios do País. Isso é o que aponta pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com divulgação preparada para esta segunda-feira, 10, durante 8º Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, que acontece em São Paulo. O levantamento mostra que um a cada três empresários acredita que a indústria brasileira precisará dar um salto de inovação nos próximos cinco anos para garantir a sustentabilidade dos negócios em curto e longo prazos.
Para 31% dos CEOs, presidentes e vice-presidentes de 100 indústrias, o grau de inovação da indústria será alto ou muito alto nos próximos cinco anos, principalmente por necessidade.
“Diante de uma nova revolução industrial, a inovação ocupa papel primordial, mais importante do que nunca. No limite, nossa capacidade de inovar é que determinará quem fica com as portas abertas e quem vai desaparecer nesse ambiente de crescente pressão tecnológica e de sofisticação de mercado, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Uma iniciativa da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), a pesquisa aponta que 44% dos executivos indicam que as atividades de inovação respondem por mais de 20% do faturamento de suas empresas. Atualmente, 31% dos entrevistados disseram empregar mais de 5% do orçamento em inovação.
Financiamento
Com relação ao financiamento de atividades de inovação, a pesquisa aponta que 55% das empresas utilizam recursos próprios para esse fim. Esse porcentual é maior que o verificado em 2015, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez, e 40% das empresas declararam usar apenas recursos próprios.
Além disso, diminuiu de 55% para 40% o número de empresas que usam combinação de fontes. “Os dados sugerem que a escassez de recursos públicos não deixou alternativa para as empresas além do uso de capital próprio”, afirma a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, acrescentando que a experiência internacional mostra a importância do investimento público para alavancar os desembolsos privados em inovação.
Entre as empresas que não utilizaram outras fontes de financiamento, 56,4% afirmaram ter dificuldade em obter financiamento. Para contornar a situação, o setor privado sugere medidas como: ampliação do acesso aos fundos de financiamento (26%), a redução da burocracia (22%) e a promoção de estímulos à inovação por parte do governo (18%).
Pouco inovador
A pesquisa mostra ainda que, atualmente, apenas 6% dos entrevistados consideram a indústria brasileira muito inovadora. Em 2015, esse porcentual era de 14%.
Na edição deste ano, 49% dos empresários consideram o grau de inovação da indústria do País baixo ou muito baixo, ante 62% verificados em 2015.
Para esses empresários, justificam a avaliação negativa a ausência da cultura de inovação no País e nas empresas, citada por 25% dos empresários; a falta de financiamento e investimentos em inovação (18,8%), e o cenário de crise econômica (14,6%).
Com relação aos fatores externos à empresa que dificultam a inovação no País, os entrevistados apontaram em primeiro lugar o custo da inovação e a falta de financiamento (28%), seguido do excesso de burocracia (27%), e a baixa qualificação de profissionais (18%). A CNI destaca ainda que, de acordo com os empresários, a mão de obra é pouco preparada para inovar e a educação brasileira é pouco alinhada à inovação.
A pesquisa ouviu ainda os empresários sobre quais medidas poderiam ser adotadas pelo governo para estimular a inovação.
Os executivos apontaram principalmente a ampliação e o barateamento do financiamento à pesquisa e desenvolvimento (25%) e a desburocratização de processos (21%). Com relação ao poderia ser feito pela própria iniciativa privada, os empresários reconhecem a necessidade investir mais em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e em novas tecnologias (19%) e se aproximar mais de universidades de centros de pesquisa (14%).
Apesar dessa avaliação negativa, 96% dos empresários disseram que a inovação é parte estratégica de suas empresas e 54% consideram suas empresas inovadoras ou muito inovadoras.
A pesquisa foi feita entre os dias 4 de abril e 13 de maio, com uma amostra de 100 líderes empresariais.