O inquérito que apura o financiamento de atos antidemocráticos mirou a vaquinha online do grupo 300 do Brasil que arrecadou cerca de R$ 80 mil enquanto esteve no ar entre abril e maio deste ano. O financiamento coletivo do movimento da extremista Sara Giromini foi derrubado após denúncias de usuários, mas não foi esclarecido se o dinheiro foi devolvido aos doadores.
Em decisão tornada pública na noite dessa segunda, 22, o ministro Alexandre de Moraes autorizou pedido da Procuradoria-Geral da República e pediu que fosse identificado o nome da pessoa beneficiada do financiamento coletivo no site Vakinha.
A arrecadação foi tirada do ar pelo site no último dia 27 de maio, após a prisão de Sara. No Twitter, a empresa inicialmente se manifestou alegando que o departamento jurídico estava analisando o caso por ser algo complexo. Mais tarde, o Vakinha determinou a derrubada do financiamento coletivo.
"Ainda sobre o caso dos 300 do Brasil, nosso jurídico concluiu uma nova análise, facilitada pelos eventos recentes, e recomendou a retirada da vaquinha", escreveu a empresa.
A manifestação não esclareceu se o dinheiro arrecadado foi devolvido aos usuários. Termo de uso do site prevê que, caso o Vakinha identifique irregularidades e/ou situações que, a seu critério exclusivo, infrinjam as condições do financiamento coletivo, a empresa irá cancelar e/ou realizar estornos de quaisquer valores aportados por participantes.
<b>Associação criminosa</b>
O 300 do Brasil está no centro das investigações sobre suposta organização criminosa que visa obter ganhos financeiros e políticos com atos antidemocráticos no País. Em manifestação ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito, a PGR apontou a real possibilidade de ação coordenada de diversos núcleos, incluindo influenciadores e políticos, para disseminar mensagens a favor da desestabilização do regime democrático em troca de lucro.
"Os indícios apresentados na manifestação apresentada pela Procuradoria-Geral da República confirmam a real possibilidade de existência de uma associação criminosa", escreveu Moraes, em decisão que autorizou buscas e apreensões contra apoiadores do governo na semana passada, incluindo a localização dos responsáveis por caminhões e trios elétricos utilizados nos atos em frente ao Quartel-General do Exército. O sigilo bancário de dez deputados e um senador, todos bolsonaristas, foi quebrado.
O ministro também ordenou que sejam mantidos no ar diversos tweets de parlamentares e militantes bolsonaristas investigados no inquérito.
"Os frequentes entrelaçamentos dos membros de cada um dos núcleos descritos acima indiciam a potencial existência de uma rede integralmente estruturada de comunicação virtual voltada tanto à sectarização da política quanto à desestabilização do regime democrático para auferir ganhos econômicos diretos e políticos indiretos", apontou trecho da manifestação da PGR reproduzida por Moraes.
A investigação atingiu a extremista Sara Giromini, presa pela Polícia Federal no final de maio. Em depoimento, ela negou que o 300 do Brasil recebia dinheiro público. "O grupo dos 300 do Brasil apoiam o presidente Bolsonaro, mas não recebem nenhum tipo de apoio financeiro ou de outra espécie do governo", disse.
O acampamento foi desmontado pela Polícia Militar do Distrito Federal por causa das medidas preventivas ao novo coronavírus em vigor no Distrito Federal, que proíbem aglomerações. No último domingo, 21, a Polícia Civil realizou buscas e apreensões em uma chácara em Águas Claras, na região administrativa do Distrito Federal, utilizada como base do grupo.
<b>COM A PALAVRA, O SITE VAKINHA</b>
Até a publicação desta matéria, a reportagem não havia obtido contato com o site Vakinha. O espaço está aberto a manifestações.