Em meio às preocupações das instituições com o clima beligerante que cerca 7 de Setembro, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, apontou neste final de semana a necessidade de a Corte máxima deter um "instrumento de defesa adequado para situações singulares" ao defender o chamado inquérito das fake news. Para o decano, a investigação acabou por brecar ataques ao Supremo Tribunal Federal e ao Congresso, que não surtiram o efeito desejado de "amedrontar" as instituições.
"Tenho quase a convicção que se não fora a ação do inquérito das fake news muito provavelmente nos já teríamos tido algum tipo de descarrilamento institucional. Essa foi uma reação adequada do Supremo Tribunal Federal (aos ataques contra a Corte)", afirmou, durante a participação no 13º Encontro Anual da Associação dos Advogados de São Paulo (Aasp) neste sábado, 27.
Gilmar considera que houve episódios "dignos de republiquetas", citando, por exemplo, o desfile de tanques em frete ao Palácio do Planalto. "Aquela manifestação em frente ao Palácio do Planalto com tanques, eles eram tão velhos que alguns não saíram do lugar, precisava de alguém para empurrá-los. Era uma cena em que o que era amedrontador era a fumaça que saia dos motores fundidos dos tanques, que estavam ali para assustar as instituições", afirmou.
"Tudo isso de alguma forma se encerrou e acho que tem a ver com esse inquérito e com as ações que foram desenvolvidas", seguiu o decano. O ministro lembrou ainda do simbólico estocar de fogos sobre o Supremo Tribunal Federal, em junho de 2020, indicando que já naquela época se descobriu o financiamento de grupos similares ao responsável pela disparada de fogos de artifício na direção do edifício principal do STF.
"Curioso que depois do inquérito das fake news e do anuncio de que empresários foram surpreendidos financiando essas peripécias desses eventos, aquelas manifestações tenham desaparecido", indicou.
Para o ministro, é preciso contextualizar a decisão de abertura do inquérito das fake news, que foi classificada por Gilmar como sábia . O decano lembrou de manifestações em frente ao Palácio do Planalto, no início de 2019, que diziam autorizar o presidente a romper a Constituição. Segundo Gilmar, vive-se, sob o governo Jair Bolsonaro uma situação muito singular .