A instabilidade marca o pregão do Ibovespa desta terça-feira. Se por um lado a abertura levemente positiva em Nova York e a nova valorização de ações ligadas ao setor de commodities metálicas na B3 são motivos para impulso do índice, ruídos internos limitam o avanço. Um deles é a CPI da Covid-19, que ouve nesta terça o ex-chanceler Ernesto Araújo, além da expectativa de votação da MP da privatização da Eletrobras.
Depois de marcar mínima aos 122.568,52 pontos, passou a testar alta, com a máxima intraday alcançando 123.235,29 pontos. Contudo, a indefinição de Nova York depois do inicio do pregão estimulou ainda mais a indefinição interna, em dia de agenda de indicadores mais esvaziada, o que acaba abrindo espaço para alguma realização, segundo analistas. Em apenas três pregões seguidos, o Ibovespa fechou com ganhos.
O desempenho do exterior é equilibrado por novos indicadores fracos de atividade no Japão e na zona do euro, marcando sua segunda entrada em um ano em recessão técnica, ao mesmo tempo em que monitoram pressões inflacionárias no mundo.
"Sem fatos novos no cenário, os agentes seguem ponderando o otimismo com a retomada das economias e as preocupações com a inflação global. Nesse sentido, declarações de dirigentes do Federal Reserve Fed, o banco central dos Estados Unidos merecem acompanhamento", avalia em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria. A agenda de indicadores, contudo, está mais fraca hoje.
Na segunda-feira, o índice brasileiro superou os 123 mil pontos, quando a máxima intraday atingiu 123.074,21 pontos, mas fechou aquém, aos 122.937,87 pontos (alta de 0,87%), sustentado em boa medida por ações ligadas a commodities. Hoje, ainda há expectativa de que suba.
No porto chinês de Qingdao, a matéria-prima fechou com elevação de 3,06%, a US$ 224,44 tonelada, enquanto o petróleo negociado em Londres e em Nova York sobe 0,45% e 0,29%, respectivamente, esta manhã.
De acordo com o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, o ambiente externo positivo pode fazer com que o Ibovespa "vaze" os 123.300 pontos do início do ano e, com isso, "levemente" aponte novamente para o objetivo recorde dos 125.300 pontos (125.323,53, máxima do dia 8 de janeiro).
A expectativa de votação da Medida Provisória (MP) de privatização da Eletrobras entre hoje e amanhã também pode ser bem recebida. No entanto, apesar de o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), prever que a MP seja enviada ao Senado ainda nesta semana, o assunto é complexo e não deve ser resolvido de uma hora pra outra, podendo gerar instabilidade na B3.
Barros disse que o relator Elmar Nascimento (DEM-BA) reduziu os pontos com os quais o governo não concordava no parecer de 11 para quatro, mas não disse quais foram. Dezenas de associações do setor produtivo pretendem manifestar-se contra essas mudanças feitas por Nascimento, como informa o Valor Econômico. As entidades devem lançar hoje um manifesto em que expressam insatisfação com as reduções de alguns pontos MP da Eletrobras.
Além de aguardar a votação da MP da privatização da Eletrobras, o investidor ainda avalia o avanço da reforma administrativa na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Agora, o texto deve ser votado a partir de quinta-feira.
Às 10h52, o Ibovespa cedia 0,15%, aos 122.745,41 pontos.