Estadão

Instituto Opinião: 84% são contra volta a ditadura e 75% a favor de democracia

No dia em que o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, se recusou a reconhecer que o País tenha vivido uma ditadura militar, entre 1964 e 1985, pesquisa do Instituto Opinião mostra que grande maioria dos brasileiros é contra o abandono do regime democrático em favor do retorno de um regime de exceção no País. Segundo o levantamento, apesar das demonstrações militares do presidente Jair Bolsonaro e dos atritos entre o comando das Forças Armadas e o Congresso, 83,6% dos brasileiros disseram que o Brasil não deveria deixar de ser um país democrático e 74,5% afirmaram que a democracia é sempre a melhor forma de governo.

Durante audiência pública na Câmara dos Deputados nesta manhã, Baga Netto negou que o País tenha vivido uma ditadura militar. Para o general, houve no período um "regime forte", uma vez que, se tivesse havido ditadura, "talvez muitas pessoas não estariam aqui". Apesar da fala do ministro que minimizou o regime, 57,6% dos brasileiros avaliam que o presidente Bolsonaro anseia pela implementação de uma ditadura militar no Brasil e 21,1% que não.

Segundo a pesquisa, 11,8% dos brasileiros são favoráveis ao retorno a uma ditadura militar e 4,6% não responderam. Os principais grupos favoráveis à volta de um regime de exceção são os de homens (13,6%), de 45 a 59 anos (15,6%), cuja renda mensal é inferior a um salário mínimo (13,8%), evangélicos (16,9%) e do Nordeste (15,5%). Entre os principais grupos defensores do regime democrático, estão os as mulheres (84,0%), de 25 a 34 anos (86,7%), com renda familiar mensal acima de cinco salários mínimos (90,0%), sem religião (89,9%) e do Sudeste (86,3%).

O levantamento também mostra que, enquanto 74,5% dos brasileiros avaliam que democracia é a melhor forma de governo em qualquer situação, 10,3% consideram que há circunstâncias em que a ditadura é melhor do que um regime democrático. Dos entrevistados, 5,3% disseram ser indiferentes ao regime de governo e 9,9% não responderam.

Aqueles que recebem mais de cinco salários mínimos em média de renda mensal familiar são os que mais optaram pelo regime democrático em qualquer ocasião (83,9%). Já a defesa da ditadura militar em certas situações foi defendida com maior prevalência entre os grupos que recebem de um a três salários mínimos (12,8%) e de três a cinco salários mínimos (12,9%). Evangélicos também compõem grupo que considera a possibilidade de um governo militar de exceção: 15,7%, contra 10,5% de católicos, 4,2% de outras religiões e 7,0% dos que não tem.

A pesquisa do Instituto Opinião foi realizada entre sexta-feira, 13, e sábado, 14 e ouviu, por telefone, 1.500 brasileiros acima de 16 anos. A margem de erro é de 2,53% com 95% de confiabilidade.

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