A revisão em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) vem à tona cinco meses após outro instituto de pesquisa ligado ao governo admitir erro em um estudo sobre a violência contra as mulheres. Em abril, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) informou que 65% dos brasileiros concordavam, total ou parcialmente, com a afirmação de que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”.
Uma semana depois da divulgação, que gerou polêmica no País, os pesquisadores revisaram o porcentual para 26%. O erro levou ao afastamento de um dos seus diretores e obrigou o órgão a fazer um pedido público de desculpas “pelos transtornos causados”.
Na época, os técnicos do Ipea informaram que houve uma troca entre os gráficos da questão com a pergunta sobre “mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar”.
O IBGE já teve outros problemas em pesquisas. Em novembro de 2011, o vazamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente a outubro detonou uma crise no instituto. Uma mudança no sistema de disseminação de informações deixou, ao longo de pelo menos cinco meses, dados confidenciais de pesquisas disponíveis para consulta antes da divulgação oficial. O IBGE abriu uma sindicância para investigar o episódio, que revelou a fragilidade no sistema do órgão.
No mesmo mês, o anúncio de uma mudança na metodologia de cálculo do IPCA sem aviso prévio gerou uma série de críticas por parte de analistas do mercado financeiro. Além das críticas em relação à transparência da divulgação, mudanças nos pesos de itens como educação também foram questionadas.
Antes, em novembro de 2009, o IBGE errou no cálculo no Censo Agropecuário, índice que mede a concentração de terra no País, divulgado no fim de setembro daquele ano. O primeiro dado divulgado mostrava que em 2006 o índice de Gini no sistema fundiário havia atingido 0,872, indicando piora na concentração de terras em uma década.
O número correto (0,854), no entanto, levava à interpretação inversa: um pequeno recuo em relação ao resultado de 0,856 apurado no censo de 1995/1996. Pela escala de Gini, quanto mais o resultado se aproxima de 1, maior é a concentração. Na época o IBGE divulgou uma nota à imprensa e atribuiu o resultado incorreto a uma falha técnica no processamento dos dados apenas no cálculo do índice nacional.