Estadão

Instável, Ibovespa tem dificuldade em defender 120 mil pontos com exterior

O Ibovespa tem dificuldade em definir uma direção e em defender o nível dos 120 mil pontos da abertura, dada a cautela externa por conta das dúvidas a respeito se de fato haverá mesmo um cessar-fogo na Ucrânia. Com isso, altera leve alta com queda nesta meia hora de pregão, apesar da queda firme das bolsas internacionais.

Já o dólar tem recuo moderado para a faixa de R$ 4,749.

Apesar da indefinição do índice Bovespa, ações ligadas a commodities se destacam em alta, caso de Petrobras, Vale e 3R Petrololeum.

A despeito da instabilidade do Ibovespa, Rodrigo Natali, diretor de estratégia da Inversa, observa que ainda é cedo precisar se será uma tendência hoje, dado que, como lembra, o índice doméstico tem acompanhado o movimento externo. "Não faz sentido achar que subiu muito em um dia e que depois cairá. No fundo, não aconteceu nada novo em termos de indicadores, principalmente. Ibovespa/ Vivendo um momento especial, onde o céu é o limite", avalia. "Mercado decidiu comprar risco", completa Natali.

Porém, hoje a cautela no cenário internacional limita uma nova alta do Ibovespa, que ontem voltou aos 120 mil pontos, o que não acontecia desde agosto de 2021. Incertezas a respeito das promessas da Rússia em reduzir operações militares nos arredores de Kiev, capital da Ucrânia, na tentativa de um cessar-fogo geram cautela. Neste contexto, o petróleo sobe acima de 3%. Outra força de alta para o Ibovespa é o minério de ferro, que subiu na China.

"Sem novidades da guerra na Ucrânia e com a continuidade dos conflitos, ações recuam. Commodities mais sensíveis à guerra, como petróleo e trigo, voltam a subir", destaca nota da MCM Consultores.

Conforme Victor Hugo Israel, especialista de renda variável da Blue3, a alta das commodities é que realmente coloca um "beta positivo" para Brasil. Ainda assim, segundo ele, como há muita incerteza no cenário, o mercado fica à espera de algum desfecho para montar posição, o que justifica a instabilidade na Bolsa, por exemplo. "Um conflito militar é um campo recheado de incerteza e o investidor prefere aguardar uma direção para tomar suas posições", diz.

Por isso, alerta que o é preciso atenção na mudança recente na curva de juros dos títulos americanos, que pode indicar recessão. "É um primeiro sinal, existem muitos desdobramentos para se chegar um quadro recessivo. Porém, tem de acompanhar para ver se a economia americana e ocidental estaria caminhando para recessão", avalia Israel.

Estão no radar os desdobramentos da troca de comando na Petrobras, bem como preocupações inflacionárias no mundo, à medida que as dúvidas sobre o fim da guerra ucraniana, que já dura pouco mais de um mês, tendem a continuar pressionando as cotações das commodities. Neste sentido, é crescente para que bancos centrais como o Fed acelerem o ritmo de alta dos juros, na tentativa de conter a inflação.

Hoje, o indicador de emprego do setor privado americano, da ADP, mostrou criação de 455 mil vagas em março, na comparação com previsão de 450 mil. O índice serve como uma prévia para o relatório oficial do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que sai na sexta-feira, conhecido por payroll.

A inflação no Brasil também continua acelerando, podendo gerar algum efeito negativo em ações ligadas ao consumo. Os preços dos medicamentos terão reajuste de 10,89%, a vigorar a partir de amanhã, o que deve elevar a taxa de inflação doméstica, o IPCA, em pelo menos 0,30 ponto porcentual, conforme cálculos de economistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Já o IGP-M de março desacelerou a 1,74%, ante 1,83% em fevereiro. Porém, no acumulado de 12 meses ainda está em dois dígitos: 14,77%.

Às 11h07, o Ibovespa subia 0,16%, aos 120.210,74 pontos, ante máxima diária aos 120.307,38 pontos (alta de 0,24%) e mínima aos 119.775,24 pontos (-0,20%). Vale ON subia 1,21% e Petrobras ON, 0,87% e PN, 0,93%.

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