Saúde

Insuficiência Renal Crônica já é considerada uma epidemia

Paciente é diagnosticado com IRC, quando a função dos rins é menor do que 10% e não pode ser mantida com a terapia conservadora

Nefrologistas já consideram a Insuficiência Renal Crônica (IRC) uma epidemia que precisa e deve ser controlada. O paciente é diagnosticado com IRC, com necessidade de terapia substitutiva renal, quando a função dos rins é menor do que 10% e não pode ser mantida com a terapia conservadora, praticada com medicação e dieta. Neste caso, será necessária a substituição da função do rim com tratamento dialítico ou transplante renal. Em crianças ou diabéticos, esse tratamento substitutivo pode ser indicado com função renal abaixo de 15%.

De acordo com Valter Duro Garcia, chefe do Serviço de Transplante Renal da Santa Casa de Porto Alegre, as manifestações da IRC fase urêmica (quando há um acumulo de uréia no sangue), são cansaço, náusea, perda de apetite, anemia, hipertensão, palidez, urina clara e aparecem de forma progressiva. "Hoje estão em tratamento dialítico no Brasil em torno de 75 mil pacientes, uma prevalência de 400 por milhão de população (pmp), com ingresso anual de cerca de 22 mil pacientes. A estimativa é que 40% da prevalência necessite de transplantes, ou seja, cerca de 30 mil pacientes", afirma o especialista.

Dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) mostram que no Brasil são feitos quase 5 mil transplantes renais por ano. Em números absolutos, o país deve ocupar o segundo ou terceiro lugar no ranking mundial de transplantes renais realizados anualmente, atrás apenas dos Estados Unidos e China. Porém, de acordo com José Osmar Medina, diretor do serviço de transplante renal do Hospital do Rim e Hipertensão da Unifesp, ainda há o desafio de aumentar o número de doações. "Em resumo, nos últimos 2,5 anos crescemos quase 60% nesta área, talvez o maior crescimento do mundo nesse período. Entretanto, comparando com outros países desenvolvidos a taxa de doadores ainda é baixa e devemos continuar trabalhando para o seu aumento", completa Medina.

Parte do crescimento nas doações deve-se ao número de doadores falecidos porque a maioria das famílias brasileiras já se conscientizou e autoriza a doação. Em São Paulo, somente uma em cada cinco famílias se nega a realizá-la. "Entretanto, o número de doadores vivos entre familiares poderia ser maior. Fazemos em torno de oito a nove transplantes de rim com doador vivo e a meta é atingir 20, a exemplo dos Estados Unidos e alguns países nórdicos", acrescenta Medina.

Em média, o paciente espera quatro anos na fila do transplante com doador falecido. "Isso acontece porque a locação do órgão é baseada na compatibilidade. Sendo assim, algumas pessoas são transplantadas em poucos meses, enquanto outras aguardam muito tempo por um rim compatível e permanecem em diálise por anos. Quando se tem um doador vivo familiar não há espera pelo transplante, e se o diagnóstico é precoce a intervenção cirúrgica pode ser feita antes do início da diálise, o que garante um resultado melhor", diz Medina.

Após realizar o transplante, o paciente renal precisa seguir alguns cuidados para evitar que o organismo rejeite o novo órgão tais como: não fumar, não beber, manter atividade física regular e dieta equilibrada, comparecer às consultas rotineiras e realizar exames laboratoriais periodicamente. O médico também prescreve uma medicação imunossupressora que, juntamente dos demais medicamentos, possibilita uma melhor qualidade de vida ao transplantado.

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