Intelectuais e amigos do crítico literário e sociólogo Antonio Candido lamentam a sua morte, ocorrida nesta sexta-feira, 12. Candido, que tinha 98 anos, estava internado no Hospital Alberto Einstein, na zona sul São Paulo, com problemas no intestino.
Dono de uma das obras mais fundamentais da intelectualidade brasileira, é autor de livros fundamentais, Candido formou uma maneira de pensar a literatura brasileira que influenciou toda a crítica literária do País desde então.
“Estava muito lúcido, era incrível. A gente conversava sempre. De repente isso aconteceu. A gente perdeu mais do que um amigo, mas o espírito de um tempo. Ele atravessou vários momentos da história, mesmo os sombrios, sem perder nenhum sentido dos valores, de todo o julgamento das coisas. Era de uma sutileza incrível”, disse o filósofo Adauto Novaes.
“A dificuldade das coisas que ele escrevia estava nessa simplicidade. Discutia tudo o que estava acontecendo no País. Nunca perdia o fio da história. Ele seguiu o curso do tempo, em todos os momentos do pensamento”, concluiu.
“A Academia sempre quis que ele fosse candidato, sempre teve o maior empenho. Ele não aceitava por temperamento. Era um homem que não gostava muito dos holofotes”, afirmou o presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Domício Proença Filho.
“Não poderia se dedicar como gostaria, morando em São Paulo, e com as múltiplas atividades que tinha. Ele sempre se recusou, com muita delicadeza. Era uma liderança intelectual. Era um dos nossos maiores críticos, dos mais representativos estudiosos da literatura brasileira”, comentou Proença Filho.
“É um marco na crítica brasileira. Não fui aluno dele, mas foi meu mestre através dos livros. Estava muito lúcido e atuante, preocupado com o que está acontecendo na literatura e na cultura. Era interessado na vida do Brasil. Uma liderança intelectual, uma das pessoas que pensam o País”, completou.I