Opinião

Interesses partidários prevalecem

Em qualquer lugar do mundo, por muito menos do que ocorre no setor de saúde de Guarulhos, o responsável maior já teria – há muito tempo – perdido o posto. Mas aqui é diferente. Apesar de todas as mazelas que envolvem a saúde municipal, com 14 mortes de crianças no principal hospital público infantil mantido pela Prefeitura, além da amputação do dedo de um bebê nesta semana, fora os recorrentes problemas que envolvem falta de profissionais da área médica no atendimento à população, o secretário municipal de Saúde, Carlos Derman se segura no cargo com unhas e dentes.


Essa manutenção no posto, que parece ter os dias contados, tem alguns motivos, que passam diretamente pelos interesses partidários, deixando de lado aspectos técnicos, como deveria ocorrer se houvesse o mínimo de cuidado com a coisa pública. O prefeito Sebastião Almeida (PT), ao permitir que seu vice-prefeito fique no lugar, acaba assumindo toda a responsabilidade por tudo de ruim que ocorre envolvendo a saúde no município.


Sabe-se, inclusive, que a saída de Derman – mesmo que venha a ocorrer agora ou nos próximos dias – já é tema vencido até entre os membros mais festivos do PT. É lugar comum que a permanência dele no cargo causa grandes estragos à administração municipal. Porém, o apego à cadeira tem outros motivos, que passam inclusive por sua indicação ao cargo de vice-prefeito ainda no período eleitoral. Não é novidade para ninguém que Derman foi imposto na chapa pelo ex-prefeito Elói Pietá (PT), que perdeu as prévias  que indicaram o candidato do partido à eleição em 2008.


Sem poder contar com a hoje vereadora Eneide Lima, como queria, Pietá impôs um de seus homens de confiança. Derman havia sido pre sidente da Proguaru – nada a ver com a saúde – durante seus dois mandatos. Após a vitórias nas urnas, o vice pode escolher uma secretaria que imaginava poder dar ao grupo do ex-prefeito grande visibilidade política.


No entanto, por uma série de motivos, a gestão da saúde em Guarulhos beira o caos. A situação foge ao controle de Almeida a ponto dele não conseguir fazer aquilo que parece ser óbvio. Enquanto isso, prevalecem a falta de energia do chefe do Executivo e a vontade do grupo político do ex-prefeito. Frise-se: nem Antonio Palocci, um dos homens mais fortes do governo federal, com toda a influência que tinha dentro do PT, conseguiu se segurar na cadeira por tanto tempo.

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