A Interpol do Paraguai emitiu na quinta-feira, 21, alerta internacional para a localização de Larissa Maria Sacco, de 37 anos, mulher do ex-médico Roger Abdelmassih, de 70. Até a noite de ontem, o órgão não havia sido comunicado formalmente da saída de Larissa do país, mas, segundo a polícia local, ela já está no Brasil desde terça-feira, 19, quando o marido foi capturado em Assunção, onde ficou três anos e meio para fugir da cadeia. Ele foi condenado a 278 anos de prisão por 48 estupros contra 37 vítimas.
“Ela está desaparecida. Não descartamos que esteja hoje no Brasil ou em qualquer outro lugar”, disse o subchefe da Interpol em Assunção, Francisco Javier Cristaldo Gomez. Segundo ele, o alerta é uma exigência formal em casos como o de Larissa, suspeita de envolvimento na falsificação de documentos que permitiram ao marido viver clandestinamente.
O alerta, chamado de red notice (difusão vermelha), serve para manter as autoridades informadas sobre o paradeiro de Larissa, que foi procuradora da República e é mãe de dois filhos de Abdelmassih. “Não se sabe onde ela está”, disse Cristaldo. Ele ressaltou, porém, que não há ordem de prisão contra ela. “O que há é um alerta para localização”, afirmou o policial.
Ao todo, 188 países-membros da rede da Interpol estão em alerta. Larissa é investigada pelo Ministério Público Estadual (MPE) por facilitar a fuga de Abdelmassih. Luiz Henrique Dal Poz, chefe de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça, disse que ela pode ser acusada de falsidade ideológica, caso seja comprovado que tenha usado documentos falsos. Ela será investigada por crimes financeiros.
Partida
Larissa deixou o Paraguai horas após a prisão do marido e já está em território brasileiro. A informação é da polícia paraguaia, que acompanhou o trajeto da viagem de Larissa na noite de terça-feira. Ela abandonou a casa da família, no bairro de Villa Morra, e seguiu de carro para a fronteira, levando os gêmeos. De acordo com fontes policiais do Paraguai, Larissa saiu do país por Ciudad del Este e passou a fronteira com Foz do Iguaçu, no Paraná.
O carro usado na viagem não é o mesmo que ela usava em Assunção, um Kia Carnival preto, ano 2012, que por duas semanas foi seguido pela polícia na operação de localização e prisão do ex-médico. A polícia investiga eventual participação de paraguaios no caso e quer saber quem ajudou Larissa a deixar o país. “A senhora está limpa”, disse, porém, uma fonte.
O veículo usado para levá-la de volta ao Brasil foi monitorado pelas equipes que investigam favorecimento de autoridades paraguaias ao ex-médico. Ele se apresentava como Ricardo Galeano. A casa da família permanecia fechada nesta quinta-feira, e o Mercedes-Benz usado pelo fugitivo continuava na garagem.
Documentos
No final da tarde desta quinta-feira, o comissário Gilberto Gauto, diretor do Setor de Identificação do Paraguai, apresentou dossiê com informações sobre a identidade que Abdelmassih usava naquele país. Entre os documentos, está a cópia da carteira de identidade de número 367-466, emitida no Paraguai, vencida em fevereiro de 2009.
Os registros policiais confrontados com o número do documento mostram que Abdelmassih seria natural da cidade de Dr. Francia, teria nascido em 6 de fevereiro de 1949, e residiria na Rua 29 y 10, no bairro Sajonia – todas informações falsas. “Esse documento é falsificado com a foto dele”, disse um policial que integra a equipe de investigações. (Colaborou Rafael Italiani)