O integrante do conselho do Banco Central Europeu (BCE) Fabio Panetta afirmou nesta quinta-feira que a economia europeia está "de fato estagnada". Em entrevista ao jornal <i>La Stampa</i>, o dirigente apontou que o crescimento no primeiro trimestre foi de 0,2% e teria sido essencialmente zero sem o que pode ter sido, em parte, picos pontuais de alta em alguns países.
De acordo com Panetta, a invasão da Ucrânia tem papel importante no cenário, e a redução do rendimento da zona do euro devido ao aumento dos preços das importações ascende a 3,5% do PIB, ou cerca de 450 bilhões de euros. "As tensões tornaram-se persistentes e mais agudas: a inflação está aumentando enquanto a atividade econômica mostra sinais de desaceleração", disse. "Isso torna as escolhas do BCE mais complicadas, pois um aperto monetário com o objetivo de conter a inflação acabaria por prejudicar o crescimento que já está enfraquecendo", indicou.
Segundo ele, nas próximas semanas, o BCE decidirá quando terminarão as compras líquidas de títulos no terceiro trimestre. "Nós então decidiremos sobre os juros e podemos decidir acabar com as taxas negativas", afirmou.
Em sua visão, nas atuais circunstâncias, taxas de juros negativas e compras líquidas de ativos podem não ser mais necessárias.
Para o dirigente, não devemos perder de vista que a inflação está sendo alimentada por fatores internacionais que estão reduzindo o poder de compra e enfraquecendo a demanda e o investimento do consumidor. Desta forma, a política monetária tem apenas espaço limitado para afetar essa inflação importada, indicou.
De acordo com ele, a paz na Ucrânia aliviaria as tensões nos mercados internacionais (petróleo, gás e alimentos) que estão elevando a inflação.