Economia

Investidor espera movimento da Bolsa por fusão com Cetip após reunião do conselho

Investidores que participaram do roadshow realizado pela BM&FBovespa, para tratar de fusão com a Cetip, aguardam alguma movimentação no sentido de continuidade da proposta de união das atividades das companhias após reunião do Conselho de Administração da Bolsa, marcada para hoje, afirmaram dois interlocutores, segundo noticiou ontem o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. No entanto, uma fonte disse que uma oferta vinculante não deve ocorrer neste momento, mas sim um movimento de aproximação feito pela Bolsa, com a sinalização sobre a oferta a ser realizada posteriormente.

O Broadcast já havia noticiado que a Bolsa trabalha para uma nova oferta para tentar concretizar a fusão com a Cetip, depois de o conselho da depositária ter rejeitado a oferta não vinculante de R$ 39 por ação, ou de R$ 10,2 bilhões pela companhia feita em novembro.

Analistas de mercado, apesar de temerem que a Bolsa faça uma nova oferta a um preço considerado excessivo pela Cetip, o que poderia ser negativo para os atuais acionistas da companhia, consideram que a oferta a ser refeita futuramente deverá ter duas frentes. A primeira seria alguma elevação do preço inicialmente proposto, agora em uma oferta vinculante. A segunda seria a majoração do porcentual a ser pago em dinheiro aos acionistas da Cetip. Na oferta não vinculante de novembro do ano passado, a proposta para o pagamento de R$ 39 por ação era de metade em capital e a outra metade em ações da Bolsa. A proposta final, no entanto, não é esperada para ocorrer hoje, conforme fontes.

Segundo já noticiou o Broadcast, com informações de fontes, a BM&FBovespa já teria contratado bancos de investimento para atuarem na transação. Assim, os bancos se unirão ao Rothschild, que já trabalha na operação como assessor financeiro. Além disso, a Bolsa estaria negociando termos para a contratação de um banco estrangeiro para a elaboração de um parecer sobre Cetip chamado de “fairness opinion” (opinião justa).

Em novembro, quando a Cetip enviou uma negativa à oferta da Bolsa, o Conselho de Administração da depositária considerou que o preço ofertado não representava o preço justo de avaliação da companhia, além de subavaliar o valor seus negócios, ativos, posição de mercado e perspectivas de crescimento e rentabilidade.

Os analistas Francisco Kops e Olavo Arthuzo, do Safra, calcularam que a fusão pode gerar sinergias em torno de R$ 3,8 bilhões, além de ganhos intangíveis. Para chegarem nesse número, os analistas assumiram uma taxa de desconto de 16,5%, dividido entre sinergias de custos e capex, impostos e ganhos intangíveis. Entre investimentos que se sobrepõe, os profissionais apontam como o mais evidente entre eles a clearing que vem sendo planejada pela Cetip. “Então estamos estimando 30% de redução nos próximos cinco anos em despesas e capex, considerando os números da Cetip de 2015”, afirmam no mesmo documento.

Ainda no relatório, os analistas afirmam que entre os ganhos intangíveis com o negócio está o fato de se criar após a fusão uma empresa com mais poder e mais diversificada, enquanto incorpora receitas que não são dependentes da atividade do mercado, como derivativos de balcão e registro e custódia de renda fixa. “Adicionalmente, o negócio eleva ainda mais a barreira de entrada em todos os negócios envolvidos”, afirmam. Para o financiamento da fusão, os profissionais acreditam que a Bolsa deverá pagar 30% do valor total por meio de uma emissão de ações.

Procurada, a BM&FBovespa disse que não há nada de novo a ser comentado sobre o tema, além do fato relevante divulgado pela companhia no dia 04 de dezembro, quando a companhia informou que recebeu correspondência da Cetip sobre seu entendimento de que a proposta não vinculante para a fusão não representava o preço justo de avaliação. A Bolsa não confirmou a reunião do Conselho de Administração.

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