Nem mesmo a bateria de dados macroeconômicos domésticos nesta quinta-feira tirou do investidor de renda fixa os olhos do exterior, que foi o drive dos negócios. O impulso global dos retornos dos Treasuries e do dólar diante da percepção de que os juros dos Estados Unidos subirão a um ritmo mais intenso levou a reboque a curva brasileira. Os ajustes, de todo modo, foram estreitos e acabaram sendo contidos pela virada do câmbio local. Como pano de fundo, o mercado de Depósito Interfinanceiro (DI) observa também as expectativas para a decisão sobre a Selic na semana que vem, bem como as indicações do Banco Central sobre se o ciclo de alta chegou ao fim ou não.
Lá fora, consolidou-se nesta quinta a percepção de que será necessário que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) terá de ser mais duro no processo de retirada de estímulo à economia, mesmo com um surpreendente Produto Interno Bruto (PIB) negativo no primeiro trimestre. Isso porque os preços seguem resilientes e as pressões futuras, como de commodities, não passam.
Esse cenário se somou aos sinais de desaceleração na China, à persistência da crise geopolítica no Leste Europeu e à manutenção da política ultra acomodatícia do Banco do Japão (BoJ), levando o índice DXY, que mede a variação do dólar ante moedas fortes, à máxima em quase 20 anos.
A despeito desta subida forte global, na última hora da sessão regular o dólar virou ante o real, diante já da pressão pela Ptax e da melhora do apetite ao risco acionário, o que estancou altas mais intensas nos juros domésticos.
Assim, o contrato de DI para janeiro de 2023 subiu de 12,978% no ajuste de quarta-feira a 13,025%. O janeiro 2024 avançou de 12,542% a 12,585%. O janeiro 2025 passou de 12,006% a 12,010%. E o janeiro 2027 foi de 11,87% a 11,835%, em uma queda suave.
No noticiário econômico, a despeito de os agentes do mercado de DI terem quase que ignorado, houve surpresa positiva em todos eles.
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de 1,41% veio perto do piso das estimativas. A arrecadação de R$ 164,147 bilhões superou a mediana, assim como o Caged de 136.189 vagas líquidas abertas. Já o déficit do Governo Central de R$ 6,304 bilhões ficou mais baixo que o consenso.
Além disso tudo, o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) caiu 2,89% em março e fechou o mês em R$ 5,564 trilhões. Contudo, uma nota negativa nesse último: segundo o Relatório Mensal da Dívida, houve saída de investidores estrangeiros da DPF em março devido ao cenário externo negativo.