Economia

Investidor ignora Grécia e bolsas europeias fecham em alta com busca por risco

Os mercados acionários da Europa ignoraram as incertezas oriundas da Grécia nesta segunda-feira, 30, e encerraram o pregão em alta, ainda impulsionados pela política de estímulos do Banco Central Europeu (BCE), combinada com um renascimento do apetite por fusões e aquisições. O índice Stoxx 600 fechou com ganho de 1,09%, aos 399,84 pontos, acumulando alta de 17% no ano.

Estrategistas disseram que o persistente apetite foi impulsionado por ações dos bancos centrais da Europa e da China, reiterando a tendência favorável aos estímulos a suas economias.

Na semana passada, o presidente do BCE, Mario Draghi, ressaltou o compromisso da autoridade monetária em comprar grandes quantidades de dívida pública e privada por meio do programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês). A medida vai durar pelo menos 18 meses até que os dirigentes fiquem convencidos que a inflação vai se estabilizar perto das taxas anuais de 2%.

As medidas de estímulos derrubaram o euro nas últimas semanas, o que torna os produtos europeus mais baratos para a exportação. Esse movimento tem ajudado as ações de companhias exportadoras, que estão entre as maiores altas dos índices acionários europeus nas últimas semanas.

Na China, dirigentes de política monetária assinalaram nesta segunda-feira que o país tem espaço para mais políticas de estímulo monetário em uma tentativa de estimular o crescimento econômico. “Podemos esperar claramente mais estímulos na China”, escreveram estrategistas do Rabobank em uma nota.

Ações de tecnologia estiveram particularmente em foco após a empresa norte-americana Intel anunciar conversas avançadas para adquirir a fabricante de chips Altera, também dos EUA. A notícia despertou o apetite por ações em todo o globo, com o subíndice de tecnologia europeu registrando alta de 2% hoje.

Em outras notícias corporativas, a suíça Dufry, uma das empresas de maior peso do Stoxx 600, confirmou no final de semana que irá pagar 1,3 bilhão de euros para adquirir a italiana World Duty Free, um acordo que irá reforçar a sua posição na indústria global de viagens. As ações da empresa suíça, negociadas na bolsa de Zurique, subiram 8,5%. Em contrapartida, os papéis da companhia italiana, negociadas em Milão, cederam 8,39%.

Tudo isso ajudou a compensar qualquer aversão ao risco que poderia ter resultado do nervosismo que cerca o futuro financeiro da Grécia.

Representantes do governo grego passaram o final de semana em Bruxelas elaborando a lista final de reformas para a Comissão Europeia, o BCE e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A aprovação das reformas é crucial para a Grécia voltar a ter acesso aos fundos de resgate e às linhas de financiamento do BCE, mas representantes da zona do euro disseram que, até o momento, os planos gregos não apresentavam o detalhamento necessário.

Muitos participantes do mercado disseram que esperam que a Grécia chegue a um acordo de última hora, mas outros ainda afirmam que a situação ainda tem espaço para se deteriorar. “A Grécia mantém o risco de insolvência”, disse o estrategista de taxas na Mizuho International, Peter Chatwell.

Para agravar o nervosismo, a agência de classificação de risco Ficth rebaixou na sexta-feira a nota da Grécia para CCC, de B, citando a precariedade das finanças do país e o atraso das negociações para a extensão do programa de resgate.

Na bolsa de Atenas, o índice Atex fechou em queda de 6,47%, aos 772,71 pontos, na contramão das outras bolsas europeias.

O índice DAX, da bolsa de Frankfurt, que foi particularmente beneficiado pela fraqueza do euro nas últimas semanas, fechou com alta de 1,83%, aos 12.086,01 pontos. O índice CAC-40, da bolsa de Paris, encerrou com ganhos de 0,98%, aos 5.083,52 pontos. O índice FTSE-100, da bolsa de Londres, avançou 0,53%, aos 6.891,43 pontos.

A bolsa de Milão fechou com ganho de 1,20%, aos 23.260,57 pontos, impulsionada por ações de bancos. Os papéis do Intesa Sanpaolo subiram 2,10%, os do Popolare di Milano avançaram 1,17% e os do UniCredit tiveram alta de 2,25%.

A bolsa de Madri fechou com alta de 0,89%, aos 11.529,10 pontos, e a de Lisboa subiu 0,07%, aos 6.015,79 pontos. Fonte: Dow Jones Newswires.

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