Economia

Investidor releva noticiário ruim para Temer e taxas fecham em baixa

Os principais contratos de juros futuros ampliaram a queda na reta final da sessão regular desta segunda-feira, 19, tendo fechado nas mínimas do dia ou perto delas. Numa segunda-feira de agenda fraca, o destaque do noticiário político – a entrevista do empresário Joesley Batista, da JBS, na qual afirma que o presidente Michel Temer “é chefe de organização criminosa da Câmara” e que “quem não está preso hoje está no Planalto” – não conseguiu desviar as taxas da rota de baixa que vem sendo traçada desde a sexta-feira. Temer entrou hoje com duas ações na Justiça contra Joesley: uma por danos morais, onde pedirá indenização financeira, e a segunda, uma queixa crime, por difamação, calúnia e injúria, crimes contra a honra.

Ao final da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2018 fechou na mínima de 9,020%, de 9,105% no ajuste de sexta-feira, com 202.730 contratos. A taxa do DI janeiro de 2019 (192.500 contratos) caiu de 9,09% para 8,98% (mínima de 8,97%) e a do DI janeiro de 2021 (159.645 contratos), de 10,10% para 9,99% (mínima).

“Apesar das turbulências, o mercado continua com uma visão relativamente benigna com relação ao governo, de que as reformas vão continuar avançando”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno. Nesse sentido, é positiva a expectativa de avanço na reforma trabalhista a ser votada amanhã na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) no Senado.

O recuo das taxas se deu em um ambiente de liquidez mais fraca, refletindo um certo compasso de espera do mercado pelos eventos nos próximos dias. Além da votação da reforma trabalhista amanhã, nesta semana haverá divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e IPCA-15 de junho. Ainda, é possível que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente denúncia contra Temer.

As declarações do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, dadas em entrevista ao Grupo Estado na sexta-feira e em evento nesta manhã, também animaram os investidores quanto a uma redução mínima no ritmo de queda da Selic, para 0,75 ponto porcentual, ou até a uma possível manutenção do corte de 1 ponto na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de julho.

O presidente do BC enfatizou que a instituição fará a “questão técnica” e que o importante são “as reformas e os ajustes avançando”, e é só o que interessa sob o ponto de vista do BC. Goldfajn afirmou ainda que o cenário atual prescreve a continuidade do ciclo de cortes de juros, “já considerando os atuais riscos em torno do cenário e as estimativas de extensão do ciclo”.

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