A exemplo das últimas sessões, os juros futuros de curto prazo fecharam em alta e os longos, entre a estabilidade e queda, nesta sexta-feira, 12, com o mercado financeiro relevando o rebaixamento da nota de crédito do Brasil na quinta-feira, 11, pela S&P Global Ratings. Segundo profissionais da área de renda fixa, a decisão já estava embutida nos preços e, com isso, a curva manteve o desenho recente, embalada ainda pela perspectiva do fim do ciclo de queda da Selic e pelo apetite ao risco do mercado externo, como sinalizado pelo recuo global do dólar.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2019 encerrou em 6,925%, ante 6,890% na quinta no ajuste e a do DI para janeiro de 2020 passou de 8,04% para 8,06%. A taxa do DI para janeiro de 2021 fechou em 8,89%, de 8,88% na quinta, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 9,69% para 9,64%.
A decisão da S&P teve um efeito pontual na abertura da sessão, pressionando para cima sobretudo as taxas longas. A classificação de risco passou de BB para BB-, com perspectiva estável. A nota está três degraus abaixo do patamar considerado grau de investimento. “Nossa avaliação reflete um progresso mais lento do que o esperado e um apoio menor da classe política do Brasil para implementar uma legislação significativa para corrigir a estrutura dos gastos em tempo hábil antes das eleições”, comentou a agência.
Ainda pela manhã, o avanço dos DIs longos perdeu força e as taxas passaram a cair à tarde, na medida em que o dólar também virou para o terreno negativo. O mercado ainda mantém o discurso de que a perspectiva de fluxo de recursos para economias emergentes é positiva, num momento em que a curva longa vinha acumulando prêmios. “O rebaixamento não está tendo impacto pela dinâmica positiva dos ativos globais, o que tem resultado num mercado mais tranquilo. Temos ainda a questão do julgamento do Lula no fim do mês, que é mais importante do que a do rating”, disse o trader da Quantitas Asset Matheus Gallina.
Em entrevista coletiva para comentar a decisão da S&P, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ressaltou justamente a estabilidade no mercado após o rebaixamento da nota de crédito. Meirelles disse que indicadores como dólar e juros de curto prazo e a bolsa tiveram pequenas quedas ou se mantiveram estáveis. “Isso significa que o que a agência disse já estava nos preços e os agentes econômicos já tinham levado tudo isso em conta nos últimos meses. Não há nenhuma surpresa no assunto”, afirmou. Meirelles disse ainda que “no devido tempo haverá revisão para cima desse rating” e os de outras agências no futuro.
Nos demais ativos, o dólar à vista recuava 0,21%, aos R$ 3,2088, e o Ibovespa recuava 0,52%, 78.953,36 pontos.