As empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato, que apura o esquema de corrupção na Petrobrás, preocupam autoridades e outros organizadores da Olimpíada de 2016. Com executivos investigados e alguns presos, empresas como Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e OAS são responsáveis por algumas das principais obras de infraestrutura e de construção ou reforma dos locais receberão a competição.
Para os organizadores, o temor é de que as construtoras enfrentem dificuldade em obter crédito nos bancos e, com isso, as obras sofram atrasos ou até interrupção – em casos extremos a Justiça pode decretar bloqueio de conta das empresas, e não apenas dos executivos.
Uma autoridade ouvida pelo Estado diz que o governo federal deve estar preparado para socorrer as empresas que sofrerem mais danos financeiros em decorrência das investigações e pensar em “uma espécie de Proer”, em referência ao controverso programa de ajuda a bancos implementado no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na visão dessa autoridade, os executivos que tiverem participação comprovada no esquema da Petrobrás devem ser punidos, mas é preciso preservar as obras tocadas pelas empresas.
Na prefeitura do Rio, as atenções estão voltadas principalmente para o Parque Deodoro, na zona oeste, onde a maior parte das obras está sob responsabilidade da Queiroz Galvão. Um forte impacto financeiro na construtora comprometeria seriamente o andamento das obras, que tiveram o processo de licitação mais atrasado por causa das indefinições sobre o contratante.
A grande apreensão no momento é relacionada a como conciliar a realização dos Jogos com o cotidiano da cidade, em especial na área de transporte. A prefeitura tenta negociar com o Comitê Olímpico Internacional (COI) exigências que considera exageradas. Uma delas é com os corredores exclusivos para a chamada Família Olímpica (atletas, delegações, autoridades, convidados). Representantes da prefeitura dizem que, se forem criados todos os corredores pedidos pelo COI, o trânsito na cidade se tornará caótico.
Para amenizar o impacto no trânsito, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) vai decretar dois ou três feriados no período dos Jogos e adiar as férias escolares.
No momento em que a presidente Dilma Rousseff monta o ministério do segundo mandato, Paes preferia que Aldo Rebelo (PC do B) ficasse no Ministério do Esporte, mas isso não ocorrerá. O prefeito não gostaria de ver grandes mudanças no ministério a pouco tempo da realização dos Jogos.