Michel Platini desistiu de concorrer à presidência da Fifa, em 2011, poucas semanas depois de receber cerca de US$ 2 milhões de Joseph Blatter. Ambos devem ser afastados do futebol nos próximos dias, numa reviravolta importante na eleição na entidade, marcada para fevereiro de 2016.
Na última sexta-feira, o Ministério Público da Suíça promoveu operação nos escritórios da Fifa, obrigando funcionários a se sentarem no chão, fechando todas as saídas dos estacionamentos e lacrando os escritórios de Blatter, investigado por corrupção. Um processo já foi aberto e, sob suspeita, fontes indicam que ele “não terminaria a semana”.
Platini, até então considerado como franco favorito para as eleições, também passou a ser implicado, justamente pelo recebimento dos recursos. Oficialmente, ele alega que o dinheiro era pagamento por um trabalho realizado entre 1999 e 2002. Mas fontes da Fifa que estavam naquele momento na entidade confirmaram à Agência Estado que Platini aparecia em Zurique apenas dois ou três dias por mês. Agora, está sendo investigado.
A suspeita da Justiça era de que o dinheiro foi uma compensação dada por Blatter para que Platini não apresentasse sua candidatura contra ele em 2011. Os dois cartolas negam qualquer crime. Mas, há quatro anos, a desistência do francês foi considerada como uma “surpresa”.
Ele havia recebido o apoio de Mohamed Bin Hammam, chefe na época da Confederação Asiática de Futebol. Em maio daquele ano, porém, Platini assinou uma carta conjunta da Uefa dando apoio à Blatter.
Na prática, a nova etapa da polícia deixou a Fifa e o futebol internacional sem governo. Jérôme Valcke, secretário-geral da entidade, foi afastado na semana passada e um dos principais vice-presidentes, Jeffrey Webb, está preso.
Hoje, o comando real está nas mãos de Domenico Scala, responsável pela reforma da entidade e, acima de tudo, pela Auditoria da Fifa. Outro no comando do futebol é Cornel Borbely, investigador independente e com o poder de colocar um fim ao reinado de Blatter e aos sonhos de poder de Platini, que também pode ser obrigado a se afastar da Uefa.
Se Blatter cair, quem assume oficialmente é Issa Hayatou, presidente da Confederação Africana de Futebol e que desde os anos 1980 manda na região. Mas ele seria uma “rainha da Inglaterra”, sem poder nem prestígio.