Esportes

Investigados por propinas da ISL, Havelange e Blatter estão na mira do FBI

O FBI está investigando João Havelange e Joseph Blatter pelo pagamento de propina por parte da empresa ISL para o brasileiro nos anos 90 que somaram cerca de US$ 100 milhões. E uma carta escrita por Havelange indicaria que Blatter sabia de tudo, desmentindo a versão mantida pelo suíço por anos de que não tinha conhecimento do esquema corrupto que o brasileiro havia estabelecido.

As revelações fazem parte de um documentário que vai ao ar nesta segunda-feira na emissora britânica BBC. Nos últimos sete meses, as operações do FBI contra a corrupção no futebol sacudiram o esporte, levando à renúncia de vários cartolas, à prisão de mais de uma dezena e ao indiciamento de 41 pessoas. José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira – os últimos três presidentes da CBF – são suspeitos de terem recebido propinas de “pelo menos” R$ 120 milhões.

Os norte-americanos, porém, indicaram que ainda não terminaram a investigação e, segundo a BBC, ela inclui outro brasileiro: Havelange, presidente da Fifa por 24 anos (de 1974 a 1998). Em 2013, ele foi obrigado a renunciar de seu cargo de presidência de honra da Fifa diante das revelações de que nos anos 90 recebeu milhões de dólares em propina da ISL em troca de contratos de transmissão para a Copa do Mundo. Ricardo Teixeira, seu ex-genro, também ficou com parte do dinheiro.

Um acordo foi fechado na Justiça suíça em que, sem admitir culpa, Havelange e Teixeira pagaram uma multa e o caso foi encerrado. Blatter passou anos insistindo que desconhecia o esquema montado para fraudar a Fifa, embora fosse o braço direito do brasileiro na entidade desde os anos 80.

Agora o FBI decidiu mergulhar mais uma vez no assunto. No pedido de cooperação enviado pelos norte-americanos à Justiça da Suíça, os Estados Unidos indicam claramente que Havelange e Blatter estão no centro do processo.

O motivo seria uma carta assinada por Havelange que implica o suíço. “Durante o tempo em que fui presidente da Fifa, Joseph Blatter era o secretário-geral. Eu mantive relações comerciais com empresas de marketing esportivo e, como resultado dessa relação, recebi uma remuneração de acordo com a regra da Fifa e isso foi alvo de um processo judicial na Suíça sem o reconhecimento de qualquer culpa”, escreveu Havelange.

O brasileiro também indica que, apesar de já não ser presidente da entidade, quem pagou seus advogados foi a própria Fifa. “Esclareço que todos os gastos para os processos mencionados, inclusive advogados, foram pagos pela Fifa”. Mas a principal revelação é sobre o envolvimento de Blatter. “Enfatizo que Joseph Blatter tinha pleno conhecimento de todas essas atividades e sempre me aconselhou sobre elas”, indicou Havelange.

A carta levou o FBI a agir sobre o brasileiro. Ao solicitar a cooperação da Suíça na investigação sobre a Fifa, os norte-americanos indicaram que, “entre outras coisas, o procurador está investigando a declaração de Havelange implicando Blatter e aparentemente inocentando seu genro, Teixeira, no caso ISL”. Blatter indicou em 2013 ao Comitê de Ética da Fifa que desconhecia a propina e foi inocentado pelo organismo. Naquele mesmo ano, ele visitou Havelange no Rio durante a Copa das Confederações.

CPI – O presidente licenciado da CBF, Marco Polo Del Nero, foi convidado a depor nesta terça-feira na CPI do Futebol. Os senadores querem interrogá-lo sobre as acusações feitas a ele pela Justiça norte-americana. Se o dirigente não comparecer, será convocado para se apresentar à CPI em outra data. E aí terá obrigação de comparecer.

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