Estadão

Investigações indicam que autoridades planejaram morte de presidente do Haiti

Novos elementos sugerem que autoridades do Haiti podem ter participado do assassinato do presidente Jovenel Moïse, no começo deste mês. A rede de televisão colombiana Caracol veiculou uma reportagem afirmando que investigadores americanos e colombianos apontam o primeiro-ministro Claude Joseph como um dos mandantes intelectuais do crime. Ao mesmo tempo, a polícia nacional afirma que o ex-senador Joel John Joseph participou do planejamento do crime – atualmente, o "Triplo J" está foragido da justiça.

Joseph se tornou a maior autoridade do país após a morte de Moïse, e é o responsável por organizar o pleito que deve definir o próximo presidente do país. A hipótese sobre a participação do primeiro-ministro ganha força pelo fato de que, antes de ser morto, o ex-presidente havia anunciado um novo nome para substituir Joseph no cargo, que nunca chegou a assumir.

Apesar da reportagem apresentada pela emissora, o diretor da Polícia Nacional da Colômbia, Jorge Luis Vargas, declarou não ter informações a respeito das informações divulgadas pela TV Caracol sobre a participação do primeiro-ministro no crime, e afirmou que as investigações estão sendo conduzidas pela polícia haitiana. "Eu quero reiterar que a investigação judicial, as hipóteses, a explicação, não estão com as autoridades colombianas". Joseph não comentou sobre o caso.

Na quarta-feira, 14, o diretor-geral da polícia haitiana, León Charles, anunciou que foi descoberto que o assassinato de Moïse foi planejado na República Dominicana. Uma imagem revelada recentemente mostrou o encontro em que é possível ver dois dos suspeitos já detidos pela polícia e o ex-senador Joel John Joseph, alvo de uma ordem de prisão, participando lado a lado da reunião.

"Estavam reunidos em um hotel de Santo Domingo. Ao redor da mesa estão os autores intelectuais, um grupo de recrutamento técnico e um grupo de arrecadação de fundos", disse Charles à imprensa. E completou: "Algumas das pessoas na foto já foram detidas. É o caso do médico Christian Emmanuel Sanon e de James Solages. Este último coordenou com a empresa de segurança venezuelana CTU, com sede em Miami", acrescentou.

Na imagem também aparece Antonio Emmanuel Intriago Valera, responsável do CTU, assim como o chefe da empresa Worldwide Capital Lending Group, Walter Veintemilla, empresa alvo de investigação porque "teria arrecadado fundos para financiar" o assassinato, disse Charles.

"Havia um grupo de quatro (mercenários) que já estavam no país. Os outros chegaram em 6 de junho. Passaram pela República Dominicana. Nós rastreamos o cartão de crédito que foi usado para comprar as passagens", afirmou.

Até o momento, mais de 20 pessoas foram detidas, incluindo 18 colombianos e 3 haitianos, dois deles também com nacionalidade americana. Três colombianos foram mortos pela polícia posteriormente. "São ex-soldados das forças especiais da Colômbia. São especialistas, criminosos. Esta é uma operação bem planejada", afirmou o chefe policial.

Hoje pela manhã, o chefe da segurança do presidente haitiano também foi preso. De acordo com o relato do jornal <i>The New York Times</i>, um porta-voz da polícia nacional confirmou que Dimitri Herard foi detido, pois os investigadores querem entender como o grupo que assassinou Moïse não enfrentou mais resistência ao invadir sua casa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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