A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) deve fechar o mês de dezembro entre 0,2% e 0,3%, previu nesta terça-feira, 26, o economista e coordenador do índice na Fundação Getulio Vargas (FGV), André Braz. Ele conta que no começo do mês sua expectativa apontava para uma inflação de 0,40%.
"E 0,40% não seria nenhuma surpresa por causa dos eventos da estação como aumentos de passagens aéreas e produtos in natura. Os in natura subiram, mas nem tanto", observou o economista.
Braz reconhece que os preços dos hortifrútis subiram na esteira de uma demanda maior diante de uma oferta menor, mas não na magnitude costumeira para esta época do ano.
"Isso mostra que dezembro pode ter uma inflação mais baixa, de entre 0,2% e 0,3%", reiterou o economista.
O IPC-S, na terceira quadrissemana de dezembro, conforme divulgou mais cedo a FGV, subiu 0,18% mostrando uma desaceleração o ritmo de alta, que chegou a 0,25% na segunda leitura do índice neste mês.
"Tenho nas minhas planilhas que o IPCA fechará o ano em 4,4% e o IPC-S entre 3,4% e 3,6%. Durante o ano o IPC-S não funcionou bem como proxy do IPCA, mas agora no final do ano os dois vão se convergir", disse Braz em entrevista ao <i>Broadcast</i>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
<b>2024 e desafios para o BC</b>
No que se refere à inflação em 2024, Braz disse que o Banco Central (BC) terá que olhar para os segmentos dos serviços e preços monitorados onde o efeito indexação se faz de forma mais acentuada.
Para ele, a fase é boa para a política de afrouxamento monetário já que a Selic vem caindo com base na inflação subjacente, que é onde o BC consegue atuar. O problema serão os segmentos de serviços livres e preços monitorados pelo governo, que são muito indexados.
"Aí entra, por exemplo, os serviços livres de educação que devem subir 10% em 2024 diante uma inflação que deve encerrar 2023 com uma taxa abaixo de 5%. O mesmo está acontecendo com os alugueis", avaliou Braz. "O BC terá que olhar para os serviços e monitorados, de onde virão as pressões", reiterou o economista para quem a chance de a inflação ficar baixa no ano que vem vai depender da alimentação que, por sua vez, vai depender do El Niño.
<b>Ano de ajustes</b>
Ainda, segundo Braz, 2024 será um ano de ajustes, mas especialmente no campo fiscal. O fato de, por enquanto as expectativas estarem ancoradas para 2025 e 2026, de acordo com Braz, mostra que o mercado está esperançoso de que algum desfecho positivo no fiscal no ano que vem.
"As expectativas de inflação para 2025 e 2026 estão estáveis. Se o ministro Haddad continuar dando sinalizações claras de que quer o ajuste fiscal, ele favorecerá o câmbio e a inflação sofrerá menos pressão", disse Braz, acrescentando que, por sua vez, o BC se sentirá mais folgado para manter o ritmo de cortes da Selic.
Para ele, as agências de classificação de risco já compraram essa ideia e o mercado também. "É inegável de que estamos em um cenário melhor", disse o economista da FGV.