O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,38% em fevereiro, após ter avançado 0,39% em janeiro, informou nesta sexta-feira, 23, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a segunda menor variação para meses de fevereiro desde a implantação do Plano Real, em 1994, atrás apenas de fevereiro de 2000 (0,34%).
O resultado veio em linha com a mediana das estimativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast, de 0,38%, obtida a partir de um intervalo de 0,23% a 0,55%.
Com o resultado anunciado, o IPCA-15 acumulou nos 12 meses encerrados em fevereiro alta de 2,86%. No ano, o índice registrou aumento de 0,77% até fevereiro. A variação no acumulado do ano é a menor desde a implantação do Plano Real.
Em fevereiro do ano passado, o IPCA-15 tinha subido 0,54%.
Grupos
Os grupos Educação e Transportes foram os maiores impactos de alta no IPCA-15 de fevereiro, com 0,20 ponto porcentual (p.p.) cada.
O grupo Educação avançou 4,01%. Segundo o IBGE, a alta “reflete os reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, em especial, os aumentos nas mensalidades dos cursos regulares”.
O item “cursos regulares” avançou 5,24%, maior impacto individual no índice do mês (0,16 p.p.), conforme o IBGE. Os reajustes variaram entre 4,40% (São Paulo) e 8,02% (Goiânia). “Os cursos diversos, com impacto de 0,03 p.p., subiram, em média, 3,55%. A maior alta foi registrada no Rio de Janeiro (6,44%)”, diz a nota divulgada pelo IBGE.
Já o grupo Transportes avançou 1,11% em fevereiro. O destaque, segundo o IBGE, foram os preços dos combustíveis, com alta de 2,03%. “A gasolina subiu, em média, 1,78%, variando entre -0,33% em Brasília e 7,82% em Salvador. O litro do etanol ficou 3,11% mais caro, oscilando entre 0,35% em Fortaleza e 7,65% em Salvador”, diz a nota do IBGE.
Também pesaram no grupo Transportes o item “ônibus urbano”, que avançou 2,01%, com impacto positivo de 0,05 p.p. no IPCA-15 de fevereiro.
O IBGE destacou reajustes nas passagens de Goiânia (8,11%, em 24/1), São Paulo (5,26%, em 7/1), Fortaleza (6,43%, em 3/2), Rio de Janeiro (5,88%, em 5/2) e Salvador (2,78%, em 2/1).
Além disso, houve alta de 1,14% nos ônibus intermunicipais, e os preços das corridas de táxi avançaram 1,65%, em razão do reajuste nas tarifas no Rio (5,49%, em 24 de janeiro). O movimento só não foi mais forte porque houve queda de 3,47% nas passagens aéreas.
O grupo Alimentação e Bebidas se manteve comportado no IPCA-15 de fevereiro, com alta de 0,13% e impacto positivo de apenas 0,03 ponto porcentual (p.p.).
Em fevereiro, o grupo Alimentação e Bebidas desacelerou, ante alta de 0,76% registrada no IPCA-15 de janeiro. Os alimentos consumidos em casa avançaram no mesmo ritmo do grupo como um todo, com alta de 0,13%.
“Os preços de alguns produtos subiram bastante, como o tomate (29,07%), a cenoura (17,96%) e a cebola (10,37%). A batata-inglesa e as carnes vieram com queda, respectivamente, de 3,50% e 0,70%, após a alta de 11,70% e 1,53% de janeiro”, diz a nota do IBGE.
Na alimentação fora de casa, a alta foi de 0,15% em fevereiro. Em Recife, houve deflação de 0,31% nesse item. A região metropolitana com a maior variação foi Salvador, com alta de 1,63%.
Além dos preços comportados de alimentos e bebidas, a deflação de 0,51% no grupo Habitação contribuiu para manter o IPCA-15 de fevereiro nos menores níveis históricos para o mês. A deflação, puxada pela conta de luz, fez o grupo Habitação ter o maior impacto negativo no índice de fevereiro, com 0,08 ponto porcentual (p.p.).
O item energia elétrica recuou 2,99%. “Em 10 das 11 áreas pesquisadas houve quedas, variando dos -5,84% de Goiânia até o -1,90% de Salvador. A única alta foi em Porto Alegre (1,33%), devido ao reajuste de 29,60% na tarifa de uma das concessionárias, em vigor desde 21 de dezembro”, diz a nota do IBGE.
Além do alívio na conta de luz, o gás de botijão apresentou queda de 0,22%, “variando entre -8,00% em Salvador e 9,52% em Curitiba”, segundo o IBGE. “Em 19 de janeiro, a Petrobras anunciou a redução de 5,00%, nas refinarias, no preço do gás de cozinha vendido em botijões de 13kg”, diz a nota do órgão de estatística.
A deflação nos gastos com a manutenção dos lares só não foi maior porque houve alta na conta de água. A taxa de água e esgoto avançou 0,21% em fevereiro. Segundo o IBGE, a alta refletiu reajustes em Fortaleza e Belém. Outro item que subiu foi o aumento do gás encanado, com alta de 1,23%, puxada pelos reajustes de 2,77%, desde 1º de janeiro, e de 1,74%, a partir de 1º de fevereiro, nas tarifas no Rio.