A variação de 0,74% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em maio, bem próxima da média de 0,71% de reajuste dos preços em abril, demonstra de forma clara que o ajuste econômico que vem sendo feito pelo governo passou a ser adotado pelas famílias dentro de suas casas. A avaliação é do economista da RC Consultores, Marcel Caparoz. E esse ajuste familiar está sendo feito via redução da demanda de serviços.
O aumento médio dos preços no mês passado ficou acima até mesmo do teto das projeções colhidas pelo AE Projeções no mercado, de 0,68%. Esse desvio entre as previsões do mercado e o dado efetivo divulgado nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi provocado pelo aumento, destaque do IPCA de maio, de 2,77% na tarifa de energia elétrica.
Mas Caparoz destaca o comportamento da inflação de serviços, que ao parar em 0,19% no mês passado se mostrou como uma das variações mais baixas dos últimos anos.
“As famílias já estão reduzindo a demanda por serviços forçadas pelos impactos do desemprego e redução da renda”, disse o economista da RC Consultores ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. No entanto, segundo ele, a inflação de serviços de 8,23% é ainda muito alta e não deve se mover para abaixo disso até o encerramento do ano.
Para 2015, Caparoz trabalha com a inflação cheia encerrando em 8,3% e para 2016 em 6,3%. “Esse discurso do BC de que a inflação vai convergir para o centro da meta no ano que vem não é factível”, disse. Na avaliação do economista, o BC vai continuar a elevar a taxa básica de juros, mas o IPCA só cairá para 4,5% em 2017.