As expectativas inflacionárias deste e do próximo ano subiram no Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 4, enquanto as expectativas mais longas continuam paradas em 3,50%, acima do centro da meta (3,0%). A projeção para a inflação oficial em 2023 avançou de 4,90% para 4,92%. Um mês antes, a mediana era de 4,84%. Para 2024, foco principal da política monetária, a projeção teve alta de 3,87% para 3,88%. Há um mês, era o mesmo porcentual.
Considerando somente as 45 estimativas atualizadas nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2023, contudo, baixou de 4,94% para 4,92%. Da mesma forma, para 2024, a projeção de alta cedeu de 3,82% para 3,80%, considerando 44 atualizações no período.
Para 2025, que agora tem peso minoritário nas decisões do Copom, a projeção continuou em 3,50%, repetindo a mediana de quatro semanas antes. No horizonte mais longo, de 2026, também houve manutenção da estimativa em 3,50% pela nona semana seguida.
As estimativas do Boletim Focus continuam acima da meta. Para 2023, a mediana supera o teto da meta (4,75%) e indica estouro do objetivo a ser perseguido pelo BC pelo terceiro ano consecutivo, depois de 2021 e 2022. Nos outros anos, as expectativas estão dentro do intervalo, mas superam o alvo central de 3,0%.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto, o BC divulgou projeção de 3,4% para o IPCA de 2024, a mesma da reunião anterior. Para 2025, ficou em 3,0% no modelo, que considerava um primeiro corte de 0,25pp, de 3,1% em junho. Para 2023, a projeção é de 4,9%.
<b>Projeção suavizada</b>
Os economistas do mercado financeiro atualizaram no Boletim Focus desta semana a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses, de 4,15% para 4,13%, de 4,15% há um mês.
No fim de junho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou ao Conselho Monetário Nacional (CMN) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá editar decreto estabelecendo uma meta contínua de inflação a partir de 2025, em substituição à atual meta-calendário. Haddad e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, não deram previsão de quando o ato do Executivo será publicado.
Em entrevista ao <b>Estadão/Broadcast</b>, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, disse que é importante manter a flexibilidade de definição do horizonte relevante na política monetária e considerou que "maior autonomia" exige "maior verificação". "Eu gosto da carta aberta, acho que é um instrumento positivo, porque você tem que se explicar se você não atingiu o mandato que foi delegado a você."
Já o secretário-executivo do Ministério do Planejamento e Orçamento, Gustavo Guimarães, defendeu ao <b>Estadão/Broadcast</b> a continuidade da realização da justificativa sobre o descumprimento da meta uma vez ao ano, mas no caso de o IPCA estourar o teto em qualquer momento durante os 12 meses aferidos.
<b>Meses</b>
Os economistas consultados pelo Boletim Focus aumentaram marginalmente a expectativa de inflação para agosto na edição publicada nesta segunda. A mediana passou de 0,25% para 0,26%. Há um mês, a expectativa era de 0,29%.
Para o IPCA de setembro, a estimativa variou de 0,40% para 0,41%, contra a mediana de 0,28% um mês antes. Já para outubro, a previsão para o indicador continuou em 0,39%, de 0,40% há quatro semanas.