Estadão

Ipea reduz projeção de alta do PIB de 2022 para 1,8% e mantém a de 2021 em 4,8%

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) cortou de 2% para 1,8% sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2022, conforme divulgado nesta quinta-feira no documento Visão Geral da Conjuntura. A previsão para o crescimento do PIB de 2021 foi mantida em 4,8%, a mesma do documento divulgado no fim de junho.

Segundo o Ipea, a estimativa para o PIB de 2022 foi reduzida refletindo a persistência da inflação em patamar elevado, o que impacta o poder de compra das famílias e, consequentemente, resulta em maior aperto monetário. "Além disso, observou-se uma deterioração das condições financeiras das famílias, com o aumento de seu endividamento", informa.

O Ipea reduziu principalmente a previsão para o PIB de serviços de 2022, que passou de alta de 2,2%, anteriormente divulgado, para avanço de 1,9%. Apesar do número menor, destaca que o setor de serviços segue o avanço na campanha de vacinação tem apresentado resultados positivos e ajudado atividades que dependem de interação presencial.

Também pelo lado da oferta, houve redução na previsão do PIB da indústria no ano que vem, que passou de alta de 1,5% para avanço de 1,2%. A expectativa para o PIB agropecuário, contudo, foi elevada de 2% para 3,4% pelos técnicos do instituto, refletindo uma menor base de comparação deste ano, marcado por impactos de eventos climáticos sobre a safra.

Os técnicos do Ipea destacaram ainda que o crescimento robusto do setor agropecuário e o aumento da disponibilidade de caixa dos governos estaduais – que poderá ser utilizado para ampliar os investimentos – contribuíram para que a revisão do PIB para o próximo ano tenha sido "pouco significativa". A expectativa é que o consumo do governo cresça 2% em 2022.

<b>Terceiro trimestre de 2021</b>

Segundo o Ipea, o PIB deverá crescer 0,2% no terceiro trimestre deste ano frente aos três meses imediatamente anteriores, pela série dessazonalizada. Conforme as projeções do Ipea, pela ótica da demanda, o consumo das famílias será o motor dessa alta.

Esse componente deverá crescer 1,9% no terceiro trimestre, frente aos três meses anteriores.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), por sua vez, deverá mostrar queda de 2,8% no período. O consumo do governo avançaria 2,9%.

No lado da oferta, os serviços devem ficar em campo positivo, com avanço de 1,3% frente ao segundo trimestre deste ano, com ajuste sazonal. A indústria geral pode mostrar crescimento de 0,1% no período, enquanto o PIB agropecuário poderá recuar 0,8%, conforme as projeções da área de macroeconomia do Ipea.

Sobre o desempenho da indústria, o Ipea destacou que o "ritmo de crescimento no terceiro e quarto trimestres deverá continuar limitado pelos gargalos no fornecimento de matérias-primas e consequente aumento de custos, além das altas das tarifas de energia".

Quando comparado ao mesmo período do ano passado, o PIB brasileiro pode avançar 4,6% no terceiro trimestre. O resultado mais acentuado tem relação com a baixa base de comparação.

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