O Produto Interno Bruto (PIB) do País deverá ficar praticamente estável no segundo trimestre deste ano, com crescimento de 0,1% frente aos três meses anteriores, pela série dessazonalizada. A previsão é do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que divulga nesta sexta-feira sua Carta de Conjuntura. No último documento sobre a atividade econômica, o Ipea previa alta de 0,2% do PIB no segundo trimestre.
"De um lado, os efeitos do recrudescimento da pandemia de covid-19 sobre o nível de atividade no início de 2021 se mostraram menos intensos do que no início da crise sanitária. De outro lado, a indústria de transformação continuou enfrentando escassez de matéria-prima, o que restringiu a oferta em alguns segmentos", avaliam os pesquisadores Leonardo Mello de Carvalho e José Ronaldo de Souza Júnior, da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea.
Para 2021 e 2022, os pesquisadores projetam um crescimento de 4,8% e 2% do PIB, respectivamente, mantendo a previsão feita em junho passado.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar o resultado oficial do PIB brasileiro na próxima quarta-feira, 1º de setembro. Se confirmada a projeção do Ipea, o PIB terá sua menor taxa de crescimento trimestral desde o início da recuperação econômica. Como divulgado pelo IBGE no início de junho, o PIB do primeiro trimestre cresceu 1,2% frente aos três meses anteriores, recuperando o nível registrado antes da pandemia.
A abertura das projeções do Ipea mostra mudanças menos sutis do que a estimativa para o resultado agregado do PIB. Pela ótica da oferta, o Ipea reduziu a projeção para o resultado do valor agregado do setor agropecuário para 1,7% no segundo trimestre, frente aos três meses anteriores. A previsão anterior era de 2,6%. O corte reflete os impactos dos eventos climáticos recentes sobre a produção agrícola nacional.
O setor de serviços, por sua vez, deve crescer 0,7% no segundo trimestre, frente ao primeiro, pela série com ajuste sazonal. É um ritmo melhor do que o previsto pelo Ipea em junho, quando a estimativa era de alta de 0,1%. Para o órgão, o avanço da vacinação e retomada de alguns programas de transferência de renda vão manter o setor em recuperação também no segundo semestre.
"A recuperação do setor ao longo do ano continuará sendo um importante driver para o crescimento da demanda doméstica, com impactos positivos no mercado de trabalho", avaliaram os pesquisadores.
O pior do segundo trimestre terá sido a indústria, avalia o Ipea. Nas estimativas da Dimac, o PIB da indústria vai encolher 0,7% no segundo trimestre, frente ao primeiro trimestre, após os ajustes sazonais. Em junho, o Ipea previa uma queda um pouco menos intensa, de 0,5% por essa mesma base de comparação. "Esse setor continua a enfrentar escassez de matéria-prima e aumento de custos, o que restringe a oferta em alguns segmentos", avaliaram os pesquisadores do Ipea.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias seguirá como principal motor da economia. Esse componente deverá crescer 1,1% no segundo trimestre, frente aos três meses anteriores. Na previsão apresentada em junho, o Ipea imaginava um crescimento de 0,6%. "O ritmo de recuperação ainda modesto observado nos indicadores de mercado de trabalho, juntamente com a aceleração da inflação, constituíram dificuldades para um crescimento maior da demanda interna", escreveram.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medidas dos investimentos), por sua vez, deverá mostrar queda de 6,8% no período. O consumo do governo tende a ter crescido 0,5% no segundo trimestre, por essa mesma base de comparação.