A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da OuroFino, que atua no mercado nacional de saúde animal, poderá movimentar até R$ 490 milhões, segundo prospecto preliminar divulgado nesta terça-feira, 30, no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esse valor considera o preço da ação no teto do valor proposto e a totalidade das ações, incluindo o lote suplementar e o adicional. A oferta, na Instrução CVM 400, poderá marcar o primeiro IPO no mercado brasileiro neste ano.
O lote principal conta com 13.461.639 ações, sendo que a oferta poderá ser acrescida por mais 20% do total de ações inicialmente ofertadas (2.692.308) e por 15% do lote suplementar (2.019.231). O preço está sendo sugerido na faixa de R$ 26 a R$ 27, a depender do procedimento de coleta de intenções (bookbuilding).
De acordo com o cronograma, o início do período de reserva será do dia 7 a 16 de outubro. Para as pessoas vinculadas o prazo se encerrará no dia 8. O roadshow e o procedimento de bookbuilding será encerrado no dia 17 do próximo mês, mesmo dia que está marcada a precificação das ações. Já o início de negociações das ações na BM&FBovespa está previsto para o dia 21 de outubro.
O documento informa ainda que o fundo de private equity General Atlantic firmou com a companhia um compromisso de investimento para aquisição de R$ 200 milhões em ações ordinárias, o que na prática significa que garantirá o sucesso do IPO. Segundo o prospecto, o acordo utilizou como base o valor da empresa em R$ 1,3 bilhão. Ficou definido, assim, que o preço máximo a ser pago por ação pelo fundo será de R$ 26. “A celebração pelos acionistas controladores da Companhia e pela General Atlantic de um acordo de acionistas da Companhia será eficaz a partir da conclusão do IPO”, informa o documento. Por conta desse acordo, o fundo não participará do procedimento de bookbuilding.
A oferta será primária (inicialmente de 1.923.077 ações) e secundária (11.538.462), ou seja, maior parte das ações ofertadas irá para o bolso dos acionistas vendedores. As ações serão negociadas no Novo Mercado, o ambiente de maior governança corporativa da BM&FBovespa. A ação será negociada pelo código OFSA3.
Entre os acionistas vendedores está o BNDESPar, braço de participação do BNDES, que possui atualmente uma fatia de 19,93% de seu capital social. Se for considerada a colocação total das ações, incluindo o lote suplementar e adicional, o BNDESPar passará a deter 10,93%. Já os acionistas sócios fundadores Jardel Massari e Norival Bonamichi, com 36,88% cada, passarão a ter uma fatia de 25,94% cada um.
De acordo com informações que constam no prospecto, são coordenadores da oferta, com esforços de colocação nos EUA, o JPMorgan (líder), o Banco Itaú BBA, o Banco Bradesco BBI e o BB-Banco de Investimentos. Os bancos darão garantia firme de liquidação, comum nas ofertas de ações.
Seca de IPOs
Neste ano, a única operação realizada no Brasil foi a da Oi, uma oferta subsequente (follow-on). A emissão, de cerca de R$ 14 bilhões, fazia parte da fusão da empresa com a Portugal Telecom. No ano passado, entre ofertas iniciais e subsequentes, o volume movimentado foi de R$ 23,4 bilhões.
A Tower For You (T4U), negócio de torres de telefonia de capital israelense, também planeja vir a mercado nesta janela, segundo fontes. Já a JBS Foods, unidade de aves, suínos e produtos industrializados da JBS, que também pretendia realizar o IPO em outubro, decidiu postergar sua oferta. Profissionais do mercado dizem que a volatilidade do período eleitoral vinha afastando os emissores.