O Irã está ampliando suas exportações de petróleo, beneficiando-se da alta nos preços, no momento em que seu maior cliente, a China, reduz compras do óleo russo, diante da guerra na Ucrânia. As exportações de petróleo do Irã, que vão quase exclusivamente para a China, exceto por raras entregas para Síria e Venezuela, avançaram a 750 mil barris por dia (bpd), nos primeiros três meses do ano, alta de 12% ante uma média de 668 mil bpd em todo o ano de 2021, afirmou a fornecedora de dados de commodities Kpler. A China reduziu suas compras de petróleo russo em 14% em março, segundo dados oficiais do país.
As crescentes exportações do Irã ilustram o quanto a invasão da Ucrânia redesenha as rotas da energia global. Consumidores buscam alternativas ao petróleo e ao gás da Rússia, a fim de evitar sanções ocidentais. Essas mudanças devem acelerar, conforme mais petróleo russo deixa o mercado, com a Agência Internacional de Energia (AIE) prevendo que a produção do país recuará mais de um quarto.
As exportações do Irã cresceram mais rápido que qualquer outra nação do Oriente Médio no primeiro trimestre, marcando o nível mais alto de petróleo que o Irã tem exportado desde que o então presidente americano, Donald Trump, voltou a impor sanções contra Teerã em 2018, após abandonar em 2015 o acordo nuclear fechado sob Barack Obama, segundo a Kpler. O Irã vende agora mais para a China, mesmo cobrando preço mais alto que Moscou.
A Rússia está vendendo seu petróleo com desconto de US$ 30 o barril, em comparação com os preços internacionais. Já o Irã oferece desconto de US$ 20 o barril, segundo um funcionário iraniano. As exportações de petróleo do Irã avançaram 40% no ano, na comparação feita em 20 de março, segundo o ministro do Petróleo local, Jawad Owji. O governo recebeu cerca de 10% a mais de receita do que o inicialmente previsto, apontou ele.